Por Maximilian Heath
BUENOS AIRES (Reuters) - O governo da Argentina disse na quinta-feira que estabelecerá um mecanismo para controlar os preços domésticos do trigo e moderar a inflação dos alimentos, uma medida que vem com as cotações globais do grão atingindo máximas de 14 anos devido à invasão russa à Ucrânia.
O governo, que já estava limitando as exportações para conter os preços dos alimentos, disse que concordou com os moinhos e os exportadores para estabelecer um "trust" que manteria os preços locais baixos.
"Este mecanismo responde à necessidade de dissociar os preços para proteger o mercado interno num contexto global de guerra e com o preço internacional do trigo elevado e sustentado", disse o Ministério da Produção em um comunicado.
A Argentina é um grande exportador de trigo, além de ser o exportador número 1 de soja processada e nº 2 em milho. A safra de trigo 2021/22 está estimada em um recorde de 22,1 milhões de toneladas. Rússia e Ucrânia são os dois maiores exportadores de trigo.
O conflito na Ucrânia levou os preços globais do trigo a níveis históricos. No mercado doméstico argentino, o grão fechou na quarta-feira com média de 32.103 pesos (298 dólares) por tonelada, 19% a mais do que há apenas uma semana.
O mecanismo de preços permaneceria em vigor até o final de janeiro de 2024 e iria se concentrar nos preços das vendas domésticas de farinha de trigo e massas secas, informou o ministério.
"Esta política contempla a transferência de 800.000 toneladas de trigo para o mercado interno para garantir o abastecimento e estabilizar os preços destes produtos essenciais", acrescentou.
O governo da Argentina limitou anteriormente as exportações de trigo da safra 2021/22 a 14,5 milhões de toneladas. Segundo dados oficiais, os exportadores já declararam vendas externas de 13,6 milhões de toneladas.
Embora a medida tenha sido acordada com moinhos e exportadores, os agricultores do país sul-americano parecem não ter sido incluídos e se opuseram a propostas de tal mecanismo.
Na semana passada, a bolsa de grãos de Buenos Aires rejeitou as ideias de medidas de controle de preços, que descreveu como um "estímulo negativo" para a produção.