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Argentina critica EUA por não ajudarem a encontrar ex-espião foragido

Publicado 30.09.2015, 12:46
© Reuters. Presidente argentina, Cristina Kirchner, na Assembleia-Geral da ONU, em Nova York

Por Richard Lough

BUENOS AIRES (Reuters) - A Argentina criticou duramente o governo norte-americano, nesta quarta-feira, por não responder a questionamentos repetidos sobre o paradeiro de um ex-espião foragido que o governo da presidente argentina, Cristina Kirchner, suspeita estar buscando refúgio nos Estados Unidos.

Antonio Stiuso, que foi chefe de operações do hoje desativado Secretariado de Inteligência, desapareceu após a morte misteriosa do promotor federal Alberto Nisman em janeiro, acontecimento que lançou o governo Kirchner em uma crise política.

Nisman foi encontrado morto com um único tiro na cabeça dias antes de apresentar denúncia contra Cristina acusando a presidente de tentar acobertar o suposto papel do Irã no atentado a bomba contra a Associação Mutual Israelita Argentina (Amia), sediada em Buenos Aires, em 1994.

Cristina e seus ministros afirmam que Stiuso induziu Nisman a fabricar alegações infundadas para desestabilizar o governo e que depois se tornou conveniente para ele que Nisman morresse, e já indagaram em outras ocasiões se o ex-chefe de espionagem está trabalhando para os Estados Unidos.

O chefe de gabinete da presidência, Aníbal Fernández, criticou o governo norte-americano nesta quarta-feira por não fornecer informações em resposta a oito solicitações formais do governo argentino sobre detalhes da localização de Stiuso.

"Às vezes nos perguntamos ‘será que os Estados Unidos estão dispostos a permitir que as relações bilaterais com a Argentina piorem por causa de um homem que todos eles dizem não ter nenhuma importância, nenhum valor estratégico para os Estados Unidos?'", disse Fernández à imprensa.

© Reuters. Presidente argentina, Cristina Kirchner, na Assembleia-Geral da ONU, em Nova York

O porta-voz da embaixada dos EUA em Buenos Aires declarou: "Não comentamos pedidos de assistência em questões criminais, e respondemos a estes pedidos através dos canais judiciais estabelecidos".

O ataque à Amia matou 85 pessoas e foi o mais mortífero da história do país. Os tribunais da Argentina acusaram um grupo de iranianos de terem orquestrado a ação. Nisman afirmava que Cristina abriu um canal de comunicação sigiloso com o Irã para encobrir o suposto envolvimento de Teerã em troca de vantagens comerciais.

O governo de Cristina classificou a acusação de absurda, e um juiz argentino rejeitou o caso. O Irã vem negando reiteradamente qualquer ligação com o atentado.

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