Por Tom Perry e Tom Miles
BEIRUTE/GENEBRA (Reuters) - Um ataque aéreo sírio ou russo teria matado, segundo relatos, pelo menos uma dezena de pessoas e possivelmente muitas mais num mercado no noroeste da Síria nesta segunda-feira, tensionando um acordo para a suspensão de hostilidades cujo objetivo era abrir caminho para negociações de paz.
Num outro episódio violento, a Frente Nusra, ligada à al Qaeda, e outros insurgentes islâmicos, grupos que não estão incluídos no acordo entre Rússia e Estados Unidos, atacaram forças do governo numa província vizinha, disse uma organização de monitoramento.
O acordo, aceito pelo presidente Bashar al-Assad e pela maior parte dos seus oponentes, reduziu a violência na Síria desde que entrou em vigor em 27 de fevereiro, a primeira trégua do tipo em cinco anos de uma guerra que já matou mais de 250 mil pessoas e provocou a pior crise de refugiados do mundo.
Potências estrangeiras esperam que a pausa nos combates possa levar a negociações de paz para terminar o conflito. No entanto, o acordo, que não foi assinado pelos lados em guerra na Síria e não é formal como um cessar-fogo, é muito frágil, e cada lado tem acusado o outro de violá-lo.
Damasco e Moscou prometeram continuar a combater grupos fora do acordo, como o Estado Islâmico e a Frente Nusra, que está espalhada em áreas ocidentais da Síria, próxima a grupos que pactuaram com a trégua. Muitos rebeldes dizem acreditar que o governo e os seus aliados russos podem usar a presença dos militantes como uma desculpa para manter os confrontos.
O número de mortos do ataque aéreo num mercado que vendia diesel em Idlib, província controlada pelos rebeldes, vai provavelmente aumentar, segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, um grupo de monitoramento. A organização acrescentou que não sabia se havia sido o governo sírio ou os russos os responsáveis pela ação.
Riad Hijab, presidente do opositor Comitê de Altas Negociações, afirmou que “dezenas” de pessoas haviam sido mortas no que ele descreveu como um massacre. O governo sírio, que tem dito que está respeitando o acordo, não se pronunciou.
Hijab declarou que a oposição decidiria até o fim da semana se compareceria ou não nas negociações que as Nações Unidas planejam iniciar nesta semana. Outro integrante do comitê opositor afirmou à Reuters que a tendência era comparecer.