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Por Sophia Royle e Yoruk Bahceli
MANCHESTER/LONDRES (Reuters) - O ataque a uma sinagoga no norte da Inglaterra nesta quinta-feira causou medo em uma comunidade judaica que já está lidando com um aumento acentuado de incidentes antissemitas, trazendo avisos sobre a necessidade de manter as portas fechadas e evitar reuniões em locais comunitários.
Foi o mais recente ato de violência contra os judeus britânicos após a escalada da ofensiva militar de Israel em Gaza, uma resposta aos ataques de militantes do Hamas em outubro de 2023.
"Sou judia e estou absolutamente aterrorizada", disse à Reuters Vicky, que não informou seu sobrenome, perto do local do ataque à sinagoga em Manchester. "Eu simplesmente não me sinto segura."
INCIDENTES ANTISSEMITAS ESTÃO AUMENTANDO NO REINO UNIDO
Ao redor do Reino Unido, o número de atos antissemitas registrados no ano passado foi o segundo maior dos tempos modernos. A instituição judaica que aconselha comunidades sobre segurança disse que o ataque do Hamas e a guerra subsequente ajudaram a alimentar milhares de incidentes, incluindo casos de ataques violentos e ameaças.
O ataque desta quinta-feira ocorreu em Manchester, em uma área que abriga uma grande comunidade judaica. Horas após o incidente, dois carros passaram com bandeiras palestinas na traseira e alguns homens apareceram com balaclavas, onde puderam ser ouvidos murmurando "judeus", de acordo com um jornalista da Reuters que estava no local.
"Não sei como, depois de ouvir sobre um ataque tão terrível, você vem e tenta antagonizar as pessoas, as vítimas do ataque", disse Simon Cassel, um estudante judeu que mora perto da sinagoga, à Reuters.
O Community Security Trust (CST), instituição que coordena as medidas de segurança nas instituições judaicas, pediu aos judeus que não se reunissem fora em instalações comunitárias ou sinagogas nesta quinta-feira e que mantivessem suas portas fechadas. Cerca de 290.000 pessoas se identificaram como judias no último censo de 2021.
A polícia britânica disse que estaria intensificando as patrulhas em torno das sinagogas.
"Quero deixar claro que o policiamento do Reino Unido está se mobilizando. E está se mobilizando rapidamente", disse Laurence Taylor, chefe do policiamento antiterrorismo no Reino Unido.
"As forças policiais estão intensificando as patrulhas em todo o país, em sinagogas e locais judaicos e, de forma mais ampla, para dar segurança a todas as comunidades afetadas."
AUMENTO DO FINANCIAMENTO PARA PROTEGER COMUNIDADE JUDAICA
O incidente ocorreu menos de uma semana antes do aniversário de dois anos do ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023.
A embaixada israelense em Londres chamou o incidente de "abominável e profundamente angustiante".
No Reino Unido, o número de incidentes antissemitas em 2024 foi mais que o dobro do número em comparação com o mesmo período de dois anos antes, de acordo com dados compilados pelo CST.
Dos 3.528 incidentes registrados, 201, ou cerca de 6%, foram incidentes de agressão ou outros ataques físicos. O CST disse que cerca de metade dos incidentes envolveu discursos inflamados sobre o conflito entre Israel e Hamas, juntamente com expressões explícitas de linguagem, motivação ou alvos antijudaicos.
Em fevereiro do ano passado, o governo prometeu 70 milhões de libras (US$ 94 milhões) para um fundo de segurança para locais da comunidade judaica para financiar medidas como guardas de segurança, CCTV e sistemas de alarme.
Sinagogas e uma creche em Golders Green, uma área do norte de Londres com uma grande população judaica, teriam sido manchadas com fezes no mês passado.
Dina, de 46 anos, que frequentava uma sinagoga em Golders Green, disse que, após o ataque, diria a seus dois filhos que parassem de usar o quipá judaico, em locais públicos como o metrô ou ônibus de Londres.
"Eu lhes direi para tirar qualquer sinal significativo", disse ela.
(Reportagem de Sophia Royle em Manchester e Yoruk Bahceli em Londres)