Por Michelle Nichols
NAÇÕES UNIDAS (Reuters) - Autoridades da Organização das Nações Unidas alertaram o Conselho de Segurança nesta segunda-feira de que suas sanções contra a Coreia do Norte por conta dos programas nuclear e de mísseis podem estar afetando a entrega de ajuda humanitária ao Estado mais pobre e isolado da Ásia.
O Conselho de Segurança de 15 membros realizou seu quarto encontro anual sobre abusos aos direitos humanos na Coreia do Norte, apesar de objeções da China, que afirmou não ser o fórum correto e alertou que a atitude poderia aumentar ainda mais as tensões na região.
O alto comissário para os Direitos Humanos da ONU, Zeid Ra'ad al-Hussein, afirmou que agências da ONU e grupos de ajuda eram "literalmente uma linha de vida" para cerca de 13 milhões de norte-coreanos vulneráveis, "mas as sanções podem afetar negativamente essa ajuda essencial".
Zeid e o vice-diretor para Assuntos Políticos da ONU, Miroslav Jenca, afirmaram que os grupos de ajuda estavam enfrentando dificuldades para acessar canais bancários internacionais, transportar bens para a Coreia do Norte e o aumento de preços de combustíveis, dificultando a entrega de ajuda.
Em uma carta de 27 de outubro ao comitê de sanções do Conselho sobre a Coreia do Norte, vista pela Reuters, a autoridade da ONU em Pyongyang, Tapan Mishra, também afirmou haver problemas de alfândega.
"Itens de alívio cruciais, incluindo equipamentos médicos e medicações, têm sido mantidos por meses apesar de estarem equipados com a documentação necessária afirmando que não estão na lista de itens sancionados", escreveu Mishra.
Zeid pediu ao Conselho de Segurança na segunda-feira para avaliar o impacto das sanções sobre os direitos humanos e tomar ações "para minimizar as consequências humanitárias adversas".
Em comunicado na sexta-feira, o comitê de sanções do Conselho reiterou que as nove resoluções de sanções adotadas desde 2006 "não se destinam a ter consequências humanitárias adversas para a população civil" da Coreia do Norte.