Por Mark Hosenball e David Ingram
LONDRES/NOVA YORK (Reuters) - Autoridades suíças que investigam se houve corrupção na concessão das Copas do Mundo para Rússia e Catar acreditam que um relatório produzido pelo advogado norte-americano Michael Garcia ao final de um inquérito interno da Fifa tem pouco valor a sua apuração, de acordo com uma fonte próxima das investigações sobre a entidade que controla o futebol mundial.
Funcionários suíços questionam se o relatório de Garcia, que não foi tornado público, tem valor probatório significativo, disse a fonte, que falou à Reuters sob condição de anonimato.
Isso porque Garcia, que foi contratado pela Fifa, não tinha poder de intimação, não conseguiu testemunho sob juramento, e estava operando sob as regras éticas da Fifa, que tinham pouco poder de aplicação por trás delas, acrescentou a fonte.
O procurador-geral suíço Michael Lauber afirmou a repórteres na semana passada que o FBI, que tem conduzido sua própria investigação sobre corrupção na Fifa e suas afiliadas, não pediu a ele ou ao seu escritório uma cópia do relatório de Garcia. Uma autoridade policial dos EUA disse à Reuters no início deste mês que o FBI não tem uma cópia do relatório de Garcia.
Garcia, ex-procurador do governo dos Estados Unidos, foi trazido pela Fifa em 2012 para executar investigações de seu comitê de ética, incluindo alegações de corrupção.
O relatório, apresentado à Fifa em setembro passado, é uma parte misteriosa do escândalo crescente porque a Fifa se recusou a publicá-lo, mas divulgou um resumo feito pelo juiz de ética da Fifa, Hans-Joachim Eckert, o que levou Garcia a deixar o cargo em protesto em dezembro. Eckert concluiu que qualquer possível comprometimento da integridade no processo de candidatura teve apenas "alcance muito limitado".
Garcia disse à época que o resumo continha deturpações e que tinha perdido a confiança na independência da Eckert. Ele também criticou a "falta de liderança" na Fifa, e afirmou que não poderia mudar a cultura da organização.
Garcia não estava disponível para comentar o assunto e rejeita entrevistas à imprensa sobre a Fifa, disse uma porta-voz da empresa dele, a Kirkland & Ellis. Porta-vozes dos promotores norte-americanos e do FBI se recusram a comentar nesta terça-feira.