Por Alister Doyle
OSLO (Reuters) - Investir para oferecer água potável a 750 milhões de pessoas em nações pobres que carecem de suprimentos de água limpa é economicamente sensato e traz mais benefícios à saúde do que o esperado, mostraram estimativas do Banco Mundial reveladas nesta sexta-feira.
Uma iniciativa paralela para melhorar o saneamento, especialmente na Índia, onde o primeiro-ministro, Narendra Modi, fez dos sanitários básicos uma prioridade nacional, também traria grandes retornos, sem falar na melhoria para a dignidade humana.
"O fornecimento de instalações básicas de água e saneamento... seria um bom investimento em termos econômicos", escreveu Guy Hutton, economista sênior do Programa de Água e Saneamento do Banco Mundial, em um relatório.
O acesso universal a água potável em casa custaria 14 bilhões de dólares por ano até 2030 e geraria benefícios de 52 bilhões de dólares, ou cerca de quatro dólares para cada dólar gasto, de acordo com as descobertas preliminares que formarão parte de uma avaliação mais ampla.
Os benefícios são o dobro do estimado em um estudo global anterior que Hutton conduziu em 2012, afirmou ele à Reuters, em parte por causa da queda maior do que a esperada nos casos de diarreia e dos custos menores para cavar poços.
No todo, a construção de banheiros para eliminar a evacuação ao ar livre em áreas rurais custaria 13 bilhões de dólares por ano até 2030 e geraria benefícios de 84 bilhões de dólares, um retorno de 6 dólares para cada dólar gasto. As vantagens seriam ligeiramente menores do que o evidenciado em um estudo prévio.
Os investimentos na melhoria da água poderiam resultar em 170 mil mortes a menos por ano, e o saneamento básico reduziria as mortes em 80 mil, a maior parte resultante da diarreia infecciosa.
Água e saneamento são uma prioridade da Organização das Nações Unidas (ONU) há tempos. Nos últimos 25 anos, mais de 2 bilhões de pessoas de uma população que hoje chega aos 7,3 bilhões de habitantes passaram a ter acesso a água de melhor qualidade, e quase 2 bilhões ao saneamento.
Os dados também são parte de um levantamento para o Centro de Consenso de Copenhage, que analisa custos e benefícios de tudo, desde a pesquisa de colheitas até o combate à Aids, como parte dos novos objetivos de desenvolvimento da ONU para 2030.
"Podemos salvar muita gente" com água limpa e saneamento, disse Bjorn Lomborg, chefe do Centro, à Reuters. Mesmo assim, as taxas de retorno "não são tão espetaculares" quanto o investimento em nutrição e na erradicação da malária.
((Tradução Redação Rio de Janeiro; 55 21 2223-7128))
REUTERS PF MPP