BARCELONA (Reuters) - Barcelona prestou homenagem nesta sexta-feira às vítimas de uma série de ataques de militantes jihadistas no ano passado que deixou 16 pessoas mortas, tendo como pano de fundo um ressentimento persistente com o tratamento dado pelo governo espanhol a uma iniciativa separatista da região circundante da Catalunha.
Em 17 de agosto de 2017 um jovem lançou uma van alugada sobre uma multidão na região central da cidade, matando 14 pessoas e ferindo mais de cem no pior ataque na Espanha em mais de uma década. Outro homem morreu durante a fuga do agressor, e uma mulher foi morta em um ataque no dia seguinte na cidade turística litorânea de Cambrils.
Multidões lotaram a praça central. O rei espanhol Felipe, a rainha Letizia e o primeiro-ministro Pedro Sánchez participaram da cerimônia. Um coral cantou e pessoas leram poesias em várias línguas.
Na manhã desta sexta-feira parentes das vítimas, muitos em prantos, depositaram flores em um mosaico na famosa avenida Las Ramblas, cenário do ataque com a van.
Familiares dos mortos pediram uma trégua nas tensões políticas causadas pela declaração de independência de outubro, que levou o governo espanhol a impor um controle direto sobre a região.
A sociedade catalã está profundamente dividida na questão da independência –uma pesquisa de julho do Centro d'Estudis d'Opinio acompanhada atentamente mostrou que a proporção de catalães que querem um Estado independente é de 46,7 por cento.
Sánchez vem trabalhando para desfazer a tensão com as autoridades da Catalunha desde que tomou posse em junho no lugar de Mariano Rajoy, cujo governo ordenou que a polícia reprimisse um referendo realizado em 1º de outubro.
Mas o rei Felipe, que fez uma intervenção política incomum ao criticar a iniciativa separatista, foi recebido com salvas e vaias ao chegar, e um cartaz dizendo "o rei espanhol não é bem-vindo nos países catalães" pendia de um edifício.
Algumas das pessoas que compareceram aos eventos desta sexta-feira disseram não estar felizes com a presença do monarca.
"Discordo totalmente", disse a funcionário administrativa Nati Puigbarraca. "Todos nós sabemos o que aconteceu na Catalunha, existe uma situação política, mas vai além disso. Alguns de nós jamais perdoaremos o que aconteceu em 1º de outubro."
(Por Miguel Pereira)