Por Erik Kirschbaum
BERLIM (Reuters) - Um ferreiro alemão que reconstruiu meticulosamente o portão de ferro do campo de concentração nazista de Dachau, com a notória frase "Arbeit macht frei" (o trabalho liberta), disse nesta quinta-feira que esperava que ninguém percebesse que seu trabalho era uma réplica.
Michael Poitner disse que ficou honrado por ganhar o contrato da reconstrução do portão de 1,87 metro e 108 quilos, que foi roubado no ano passado em Dachau, primeiro campo de concentração nazista, estabelecido em 1933.
"Foi uma tarefa grandiosa, cheia de história, e vai permanecer por muito mais tempo que eu", disse Poitner à Reuters, após fazer os toques finais no portão para a cerimônia de 3 de maio, que marca os 70 anos da liberação do campo pelas tropas norte-americanas.
A chanceler Angela Merkel, que em 2013 se tornou a primeira líder alemã a visitar Dachau, se reunirá com cerca de 100 sobreviventes na cerimônia. Ela visitou o campo de Buchenwald com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, em 2009.
Os nazistas abriram o campo de Dachau, nos arredores de Munique, poucas semanas após Adolf Hitler tomar o poder. Inicialmente feito para deter rivais políticos, o campo se tornou um protótipo para uma rede de campos de concentração onde 6 milhões de judeus foram assassinados. Mais de 41 mil morreram em Dachau.
Mais de 200 mil pessoas foram detidas no campo até o momento que as tropas norte-americanas chegaram ao local em 1945. Imagens da televisão de pilhas de corpos e presos famintos do campo estão entre as primeiras imagens do Holocausto vistas pelo mundo.
O portão original de Dachau foi roubado em novembro e a polícia ainda não o recuperou.
Em dezembro de 2009 uma placa similar com os dizeres "Arbeit macht frei" foi roubada por um sueco na entrada do campo de Auschwitz, na Polônia.