Por Kacper Pempel e Charlotte Bruneau
BRUZGI, Belarus (Reuters) - Belarus anunciou nesta quinta-feira que propôs um plano para resolver a crise de imigrantes em suas fronteiras, que levaria a União Europeia a receber 2 mil imigrantes, enquanto Minsk enviaria outros 5 mil de volta para casa.
Não ficou claro se o plano seria aceitável para a UE, especialmente porque veio com ressalvas e foi anunciado pouco depois de a Comissão Europeia dizer que não poderia haver negociações com Belarus sobre a situação dos imigrantes.
Mas em um possível primeiro sinal concreto de abrandamento da crise, centenas de iraquianos embarcaram de volta ao Iraque em um aeroporto de Minsk na manhã desta quinta-feira, o primeiro voo do tipo em meses.
Países europeus acusam Belarus de transportar milhares de imigrantes do Oriente Médio de avião e os induzir a tentar cruzar a fronteira ilegalmente. Belarus nega fomentar a crise.
Milhares de imigrantes têm ficado presos em florestas geladas na fronteira. Como sinal cruel das condições duras que os imigrantes enfrentam na divisa, o grupo humanitário Centro Polonês de Ajuda Internacional disse que um casal ferido que encontrou na manhã desta quinta-feira contou que seu filho de um ano morreu na floresta.
Estimativas anteriores apontavam que ao menos oito pessoas morreram na fronteira nos últimos meses.
CORREDOR HUMANITÁRIO?
Um repórter da Reuters no lado bielorrusso da fronteira viu um grupo de 200-300 pessoas, principalmente homens, mas também famílias com crianças pequenas, enroladas em cobertores e amontoadas em torno de fogueiras improvisadas, tentando se aquecer perto do posto de checagem de fronteira Kuznica-Bruzgi.
Um grande número de iraquianos está entre aqueles que acamparam nas fronteiras de Belarus, buscando entrada e uma vida melhor no bloco próspero de 27 países. Cerca de 430, a maioria curdos iraquianos, embarcaram em um voo de Minsk para o Iraque nesta quinta-feira, disse o Ministério das Relações Exteriores iraquiano.
Voos do tipo não aconteciam desde que cerca de mil iraquianos foram retirados de Minsk em agosto, disse Hussein Jalil, porta-voz da Iraqi Airways, à Reuters.
"Eu não voltaria (ao Iraque) se não fosse por minha esposa", disse à Reuters um curdo iraquiano de 30 anos, que não quis informar o nome, um dia antes do voo de retirada.
"Ela não quer voltar comigo para a fronteira, porque viu horrores demais por lá", acrescentou. O casal tentou cruzar de Belarus para a Lituânia e a Polônia ao menos oito vezes.
Enquanto isso, a empresa aérea estatal bielorrussa Belavia disse nesta quinta-feira que parou de permitir que cidadãos do Afeganistão, Iraque, Líbano, Líbia, Síria e Iêmen embarquem em voos da capital uzbeque Tashkent rumo a Minsk, segundo citação da agência de notícias Belta.
A UE iniciou um esforço diplomático para resolver a crise pressionando países da região a não permitirem que imigrantes embarquem em voos para Belarus.
Embora alguns imigrantes tenham voltado ao Iraque, outros, desesperados para chegar à UE, fizeram novas tentativas de atravessar a divisa fortemente vigiada.
(Por Kacper Pempel em Belarus; Pawel Florkiewicz e Anna Koper na Polônia; Charlotte Bruneau no Iraque; Andrius Sytas na Lituânia; Matthias Williams na Ucrânia)