BENGHAZI, Líbia (Reuters) - Confrontos intensos eclodiram nesta quinta-feira no centro de Benghazi, principal cidade do leste da Líbia, enquanto forças pró-governo tentavam tomar o distrito portuário de militantes islâmicos, e sete soldados morreram, disseram testemunhas e autoridades militares.
Os combates espelham uma luta mais ampla no país norte-africano produtor de petróleo, onde dois governos e dois parlamentos, aliados a grupos armados rivais, disputam o controle quase quatro anos depois da queda do autocrata Muammar Gaddafi.
Apoiadas por forças lideradas pelo general Khalifa Haftar, tropas especiais do Exército lançaram em meados de outubro uma ofensiva contra os islamitas em Benghazi, expulsando-os da área do aeroporto e de vários acampamentos que os militares haviam perdido durante o verão.
Forças do Exército têm, desde então, tentado retomar a área do porto e outros dois distritos onde as forças pró-governo dizem que combatentes do grupo islâmico Ansar al-Sharia estão escondidos.
O porto, a principal porta de entrada de importações de alimentos para o leste da Líbia, teve de ser fechado.
Na manhã desta quinta-feira, veículos do Exército avançaram em direção ao portão do porto e do edifício de um tribunal nas proximidades. Soldados assumiram o controle de vários edifícios governamentais, tais como um escritório de emissão de passaportes muito danificado em combates anteriores.
Uma intensa troca de tiros continuou após o anoitecer. O local do tribunal é famoso por ter sediado o início do levante contra Gaddafi em 2011, com protestos pacíficos contra a prisão de muitos opositores.
Forças do Exército no leste da Líbia são leais ao primeiro-ministro internacionalmente reconhecido, Abdullah al-Thinni, que foi forçado em agosto a deixar Trípoli, no oeste do país, para a cidade oriental de Bayda, quando um grupo chamado Amanhecer Líbio tomou a capital.
Os novos governantes em Trípoli criaram seu próprio governo e Parlamento, mas não obtiveram o reconhecimento da Organização das Nações Unidas. Ambos os lados têm lutado entre si em várias frentes.
A Líbia não foi capaz de formar um Exército Nacional e instituições estatais eficientes desde o fim do governo de Gaddafi, e o país está agora efetivamente dominado por ex-brigadas rebeldes que fundaram comunidades rivais.
(Reportagem de Ulf Laessing)