Por Phil Stewart e Steve Holland
WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse nesta quarta-feira que começará a retirar tropas do Afeganistão em 1º de maio para encerrar a guerra mais longa de seu país, rejeitando os apelos para que as forças norte-americanas permaneçam para garantir uma resolução pacífica para o conflito interno afegão.
Em um discurso na Casa Branca, Biden estabeleceu a meta de retirar todos os 2.500 soldados no Afeganistão até 11 de setembro. Ao sair de cena sem uma vitória clara, os EUA se abrem a críticas de que uma retirada representa uma confissão de fracasso de fato para a estratégia militar norte-americana.
"Isto nunca foi concebido como uma empreitada multigeracional. Fomos atacados. Fomos à guerra com objetivos claros. Atingimos estes objetivos", disse Biden, observando que o líder da Al Qaeda, Osama bin Laden, foi morto por forças dos EUA em 2011 e dizendo que a organização foi "degradada" no Afeganistão. "E é hora de encerrar a guerra sem fim".
O dia 11 de setembro será uma data altamente simbólica, marcando exatamente 20 anos dos ataques da Al Qaeda nos EUA que levaram o então presidente George W. Bush a iniciar o conflito.
Biden contemplava uma retirada em 1º de maio determinada por seu antecessor republicano, Donald Trump, mas disse que a retirada final começará neste dia e terminará em 11 de setembro.
"Sou agora o quarto presidente americano a presidir uma presença de tropas americanas no Afeganistão. Dois republicanos. Dois democratas. Não passarei esta responsabilidade a um quinto."
Uma coalizão de tropas lideradas pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) no Afeganistão deixará o país em coordenação com um plano de retirada dos Estados Unidos até 11 de setembro, disse o principal diplomata de Washington nesta quarta-feira, antes do anúncio formal do fim de duas décadas de combates.
Cerca de 7 mil militares, principalmente de países da Otan que não os EUA, mas também de Austrália, Nova Zelândia e Geórgia, superam as tropas norte-americanas de 2.500 efetivos no Afeganistão, mas ainda dependem de apoio aéreo, planejamento e liderança dos EUA para sua missão de treinamento.
O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, disse em Bruxelas que é hora de os aliados da Otan cumprirem o mantra segundo o qual foram ao Afeganistão juntos e partirão juntos.
"Estou aqui para trabalhar estreitamente com nossos aliados, com o secretário-geral (da Otan), com base no princípio que estabelecemos desde o início: chegar juntos, nos adaptar juntos e sair juntos", disse Blinken em um pronunciamento televisionado na sede da Otan.