Por Trevor Hunnicutt e Jarrett Renshaw
WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, vai marcar o aniversário do ataque violento do dia 6 de janeiro de 2020 ao prédio do Congresso norte-americano por apoiadores de Donald Trump com um discurso na quinta-feira alertando sobre as ameaças à democracia, e Trump abandonou os planos para uma coletiva de imprensa no mesmo dia, enquanto o ex-presidente retoma seus ataques aos democratas e à imprensa.
A Casa Branca disse que Biden irá rebater as acusações falsas de Trump, adotadas por muitos de seus seguidores, de que houve fraude generalizada na eleição vendida pelo democrata, assim como as tentativas de minimizar a violência do pior ataque ao Capitólio desde a Guerra de 1812.
"O presidente vai falar a verdade sobre o que aconteceu, e não as mentiras que alguns têm espalhado desde então, e sobre o perigo que aquilo representou para o Estado de Direito e para o nosso sistema democrático de governo", afirmou a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, a jornalistas na terça-feira, na primeira amostra sobre o pronunciamento de Biden.
Biden e a vice-presidente Kamala Harris irão conversar na quinta-feira de manhã no Capitólio, um ano após milhares de apoiadores de Trump invadiram o complexo em uma tentativa frustrada de impedir a contagem de votos do Colégio Eleitoral por parlamentares que confirmou oficialmente a vitória eleitoral de Biden.
Trump cancelou na terça-feira uma coletiva de imprensa em sua propriedade em Mar-a-Lago, na Flórida, que estava marcada para o dia 6 de janeiro, dizendo que irá abordar muitos dos mesmos assuntos em um comício no Arizona no dia 15 de janeiro.
Não ficou claro o motivo de Trump cancelar a coletiva, que havia sido originalmente anunciada no dia 21 de dezembro. Em nota, Trump culpou o que chamou de "viés e desonestidade" da investigação da Câmara dos Deputados, assim como da imprensa, um de seus alvos favoritos.
O aniversário do 6 de janeiro acontece enquanto Trump continua lutando contra a publicação de registros da Casa Branca solicitados pelo comitê da Câmara que investiga o ataque.
Trump, alguns de seus colegas republicanos e personalidades da imprensa de extrema-direita incentivaram contas falsas a minimizar o ataque de 6 de janeiro, classificando o episódio como um protesto não violento ou culpando ativistas de esquerda.
Quatro pessoas morreram no dia da invasão, e um policial do Capitólio morreu um dia após defender o Congresso. Dezenas de policiais ficaram feridos durante a ofensiva de várias horas realizada pelos seguidores de Trump, e quatro policiais tiraram suas próprias vidas desde então.
Psaki foi perguntada sobre se a mensagem do presidente será para os muitos republicanos que acreditam que Biden roubou a eleição de Trump, apesar de evidências esmagadoras apontando para o contrário.
"O que ele vai continuar fazendo é falar para todos no país. Àqueles que não votaram nele, àqueles que possam não acreditar que ele seja um presidente legítimo, sobre o que ele quer fazer para tornar suas vidas melhores", disse.
(Reportagem adicional de Nandita Bose de Merdie Nzanga)