Por Catarina Demony e Sergio Goncalves
LISBOA (Reuters) - A Igreja Católica de Portugal anunciou nesta quinta-feira que criará uma comissão independente para investigar abusos sexuais infantis cometidos por membros do clero em reação à pressão de congregados proeminentes para que se erga o véu de silêncio em torno do assunto.
A Conferência de Bispos de Portugal disse em um comunicado que decidiu criar a comissão para melhorar a maneira como os casos são tratados e para "realizar um estudo para esclarecer a história deste tema sério".
O anúncio chega depois que um relatório de uma comissão independente da França revelou no mês passado que cerca de três mil padres e autoridades religiosas abusaram sexualmente de mais de 200 mil crianças ao longo dos últimos 70 anos.
Tratou-se do revés mais recente para a Igreja Católica, abalada por escândalos de abuso sexual em todo o mundo nas últimas duas décadas, com frequência envolvendo crianças.
Em Portugal, mais de 200 católicos enviaram uma carta à Conferência de Bispos no começo deste mês pedindo que os bispos iniciem uma investigação semelhante à da França, argumentando que o abuso sexual infantil é um problema "sistêmico" e "relacionado diretamente com o exercício do poder" dentro da igreja.
Os signatários da carta disseram que, no decorrer da última década, "só pouco mais de 10 casos" de abusos sexuais de crianças cometidos por clérigos foram relatados no país, mas alertaram que é provável que o número seja consideravelmente maior.