Por Philip Pullella e Charlotte Van Campenhout
CIDADE DO VATICANO (Reuters) - Bispos católicos flamengos emitiram nesta terça-feira um documento que permite efetivamente a bênção de uniões do mesmo sexo, desafiando diretamente uma decisão contra tais práticas do escritório doutrinário do Vaticano no ano passado.
O documento, publicado no site da conferência episcopal belga, sugere um ritual passo a passo que inclui uma oração e uma bênção para uniões estáveis do mesmo sexo, ao mesmo tempo em que enfatiza que não é "o que a Igreja entende por casamento sacramental".
A publicação diz que a Igreja quer ser "pastoralmente próxima das pessoas homossexuais" e ser uma "Igreja acolhedora que não exclui ninguém".
Também sugeriu um ritual que começa com orações e inclui um compromisso das duas pessoas na frente da família e amigos de serem fiéis um ao outro. O ritual termina com mais orações e o que o documento chama de "bênção".
Em março de 2021, em resposta a perguntas formais de várias dioceses católicas romanas sobre se a prática de abençoar uniões do mesmo sexo era permitida, o escritório doutrinário do Vaticano, a Congregação para a Doutrina da Fé (CDF), negou a permissão.
Na ocasião, a CDF disse que sua decisão "não pretendia ser uma forma de discriminação injusta, mas sim um lembrete da verdade do rito litúrgico" do sacramento do matrimônio e a bênção associada a ele.
O papa Francisco disse que se opõe ao casamento entre pessoas do mesmo sexo na Igreja, mas apoia a legislação da união civil para dar aos casais do mesmo sexo proteção legal e direitos como herança e cuidados de saúde compartilhados.
O documento dos bispos flamengos diz que alguns homossexuais católicos permanecem celibatários e que a Igreja aprecia isso. A Igreja ensina que, embora a orientação homossexual não seja pecaminosa, os atos homossexuais são.
Mas o documento acrescenta que "alguns preferem viver em casal, em união duradoura e fiel com um parceiro" e que tal relação "pode ser também fonte de paz e felicidade compartilhada".
Os bispos criticaram a "violência homofóbica" e disseram que queriam "ancorar estruturalmente seu compromisso pastoral com as pessoas homossexuais".
(Reportagem de Charlotte Van Campenhout em Amsterdã)
((Tradução Redação São Paulo))