Por Patricia Zengerle
WASHINGTON (Reuters) - O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, defenderá o pedido do presidente norte-americano, Joe Biden, por um orçamento de 64 bilhões de dólares para a política externa em quatro audiências no Congresso nesta semana, em meio a profundas divisões com os republicanos sobre as prioridades de gastos e a visão norte-americana sobre Israel.
Blinken depõe na terça-feira no Senado, de maioria democrata, para o Comitê de Relações Exteriores e para o subcomitê de apropriações que supervisiona os gastos diplomáticos e de ajuda externa.
Ele retorna ao Capitólio na quarta-feira para mais duas rodadas de depoimentos em audiências do Comitê de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, de maioria republicana, e de um subcomitê de apropriações da Casa.
As audiências devem se concentrar na ajuda dos EUA à Israel, depois que Biden disse neste mês que atrasará um envio de bombas para o aliado e considerará reter outras se as forças israelenses lançarem uma grande invasão de Rafah, uma cidade repleta de refugiados no sul de Gaza.
Os acontecimentos provocaram denúncias dos republicanos, alguns dos quais acusaram Biden de abandonar Israel, apesar dos bilhões de dólares em assistência militar dos EUA que permanecem em andamento para o governo do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.
Mas Biden também tem enfrentado críticas de muitos de seus colegas democratas, que desejam que ele faça mais -- inclusive colocando condições nas exportações de armas -- para pressionar o governo de Netanyahu a proteger os civis palestinos. Israel está lutando para eliminar os militantes do Hamas que atacaram o país em 7 de outubro, matando cerca de 1.200 pessoas e fazendo 253 reféns, de acordo com os registros israelenses.
As autoridades palestinas dizem que mais de 35.000 pessoas foram mortas durante a campanha de Israel em Gaza, muitas delas mulheres e crianças. A desnutrição é generalizada e grande parte da população do enclave costeiro está desabrigada, com grande parte da infraestrutura da região destruída.
Quando Blinken e o secretário de Defesa, Lloyd Austin, testemunharam no Senado em 31 de outubro sobre o pedido de Biden de assistência de segurança para a Ucrânia e Israel, eles foram repetidamente interrompidos por manifestantes que denunciaram as autoridades por apoiarem o que chamaram de "genocídio" contra os palestinos em Gaza.
Os protestos sobre Gaza têm se intensificado em todo o país desde então, inclusive nas universidades, onde houve dezenas de prisões.
O amplo pacote de ajuda externa para Israel, Ucrânia, Taiwan e necessidades humanitárias foi finalmente aprovado pelo Congresso em abril, após ter sido paralisado por meses pelos republicanos insatisfeitos com os bilhões de dólares em assistência que Washington enviou a Kiev na batalha contra os invasores russos.
O pacote só foi aprovado na Câmara porque a maioria dos democratas o apoiou, e os partidos continuam divididos em relação a quanto mais ajuda Washington deve fornecer à Ucrânia.
Os republicanos também expressaram indignação na segunda-feira, quando o Tribunal Penal Internacional solicitou mandados de prisão para Netanyahu e seu ministro de defesa, e para três líderes do Hamas por crimes de guerra e crimes contra a humanidade.