(Reuters) - O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, pediu nesta quinta-feira que o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, inicie um diálogo com a oposição do país após a contestada eleição presidencial, acrescentando que os EUA estão prontos para apoiar esse processo.
"Estamos aqui unidos no compromisso de defender os direitos humanos do povo venezuelano e empenhados em promover um esforço inclusivo liderado pelos venezuelanos para restaurar o futuro democrático da nação", afirmou Blinken em um evento sobre a Venezuela durante a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York.
"Isso significa insistir que Maduro se engaje em um diálogo direto com a oposição democrática unida da Venezuela que leve a um retorno pacífico à democracia. Os Estados Unidos e seus parceiros estão totalmente prontos para apoiar esse processo."
As autoridades eleitorais e o tribunal superior da Venezuela declararam Maduro como vencedor da eleição de 28 de julho, com 52% dos votos. Mas a oposição diz que os recibos das máquinas de votação mostram uma vitória esmagadora de seu candidato, Edmundo González.
Alguns governos ocidentais, inclusive o dos EUA, têm alegado que houve fraude eleitoral.
Na semana passada, um relatório da ONU disse que há uma escalada de repressão governamental desde a eleição, incluindo a prisão de menores. O governo tem rejeitado as acusações.
Blinken disse que manter a pressão nos meses que antecedem a posse presidencial em janeiro é crucial, afirmando que os EUA e seus parceiros devem continuar pedindo ao governo de Maduro que pare de reprimir manifestantes e opositores políticos e que liberte incondicionalmente as pessoas detidas arbitrariamente.
"Devemos usar todas as ferramentas à nossa disposição para responsabilizar os indivíduos que têm a maior responsabilidade pelas graves violações de direitos humanos cometidas contra o povo venezuelano, como os Estados Unidos têm feito e continuarão fazendo", disse Blinken.
"Não podemos nos contentar apenas com declarações conjuntas. Temos que tomar medidas conjuntas. Essa é a única maneira de mudar o cálculo e o comportamento de Maduro."
No evento, a ministra das Relações Exteriores da Argentina, Diana Mondino, alertou que a eleição na Venezuela tem consequências para muitos países.
"Há ventos autoritários soprando em nosso continente, e vamos torcer para que não se tornem um furacão", disse.
(Por Daphne Psaledakis e Doina Chiacu)