BERLIM (Reuters) - O Brasil avançou três posições em relação ao ano passado no ranking mundial de percepção de corrupção, embora sua nota tenha piorado um ponto, o que representa que o país está estagnado no combate ao problema, afirmou a organização Transparência Internacional nesta quarta-feira.
O Brasil ficou na 69ª posição em 2014, com 43 pontos, junto com Itália e Romênia, mas abaixo de outros países latino-americanos, como Chile e Uruguai.
A pontuação do ranking vai de 0 a 100, com 0 sendo o país percebido como extremamente corrupto e 100 o país percebido como livre do problema. O estudo avalia como o público percebe o problema no setor público, e não o nível de corrupção em si.
Segundo a Transparência, apesar de ter tomado medidas nos últimos anos, como a adoção de leis de acesso a informação pública, o Brasil é citado como exemplo de persistência do problema na América do Sul, com esquemas de corrupção sendo descobertos nos mais altos níveis de governo. A Transparência menciona o desvio de bilhões de dólares da Petrobras como caso emblemático na região.
No relatório anual divulgado nesta quarta-feira pela organização internacional de combate à corrupção, sediada em Berlim, os países que caíram no ranking de maneira mais acentuada foram Turquia e China, entre os 175 países avaliados.
A Turquia caiu cinco pontos para 45, à medida que um escândalo de corrupção veio a tona no país no final de dezembro, o mais grave desde que o partido AK, de base islâmica, ter assumido o poder há mais de uma década.
A avaliação da China caiu quatro pontos para 36, apesar de o Partido Comunista ter lançado uma campanha orquestrada para caçar autoridades corruptas, disse o relatório. A má pontuação do setor público chinês corresponde ao mal desempenho das companhias chinesas, conforme recente relatório da TI sobre práticas de transparência corporativa.
"A grande corrupção nas maiores economias não somente bloqueia o acesso a direitos humanos básico aos mais pobres, mas também cria problemas de governança e instabilidade", disse o presidente da TI, José Ugaz, em um comunicado no relatório.
Ugaz pediu aos Estados que ficaram nas posições mais baixas do ranking a tomaram medidas drásticas em favor do interesse de suas populações. "Países no topo do índice também devem assegurar que não estão exportando práticas de corrupção para países subdesenvolvidas", disse Ugaz.
(Reportagem de Felipe Pontes, no Rio de Janeiro; Michael Nienaber, em Berlim; e Ben Blanchard, em Pequim)