Por Kanupriya Kapoor
CILACAP, Indonésia (Reuters) - Oito condenados à morte na Indonésia por tráfico de drogas, incluindo o brasileiro Rodrigo Gularte, foram executados na madrugada de quarta-feira (horário local), mas uma filipina que também estava no corredor da morte foi poupada de forma inesperada.
O governo brasileiro disse que recebeu com "profunda consternação" a notícia da execução por fuzilamento de Gularte e disse considerar um "fato grave" nas relações entre os dois países.
Gularte, que ficou preso por 10 anos na Indonésia, tornou-se o segundo cidadão brasileiro a ser executado no país asiático neste ano, após o fuzilamento de Marco Archer, em janeiro, também condenado por tráfico de drogas.
As penas de morte foram condenadas pela Organização das Nações Unidas (ONU) e abalaram os laços da Indonésia com o Brasil e a Austrália, que teve dois cidadãos executados.
O primeiro-ministro australiano, Tony Abbott, anunciou que está chamando de volta seu embaixador na Indonésia em protesto contra a execução dos traficantes de drogas australianos Myuran Sukumaran e Andrew Chan.
"Nós respeitamos a soberania da Indonésia, mas nós deploramos o que foi feito e isso não pode ser simplesmente uma coisa normal", disse Abbott a repórteres em Canberra.
No entanto, a execução de uma filipina também condenada à morte por tráfico de drogas foi adiada na última hora, depois que uma de suas recrutadoras se entregou à polícia nas Filipinas, afirmou o porta-voz da promotoria na quarta-feira (horário local).
"A execução de Mary Jane (Veloso) foi adiada porque houve um pedido do presidente filipino relacionado a uma criminosa suspeita de tráfico humano que se entregou nas Filipinas", disse o porta-voz do procurador-geral, Tony Spontana. "Mary Jane foi chamada para depor", acrescentou.
Mary Jane, empregada doméstica e mãe de dois filhos, foi presa em 2010 depois de chegar à Indonésia com 2,6 quilos de heroína escondidos em sua mala. Ela acusa a recrutadora de plantar a droga em sua bagagem.
A filipina era uma dos nove traficantes condenados à morte por fuzilamento pelas autoridades da Indonésia. O país possui penas severas para crimes relacionados a drogas e voltou com as execuções em 2013 após uma pausa de cinco anos.
A Anistia Internacional disse que as execuções eram "absolutamente reprováveis".
"A execução de oito pessoas na Indonésia hoje mostra total desrespeito ao processo legal e às garantias de direitos humanos", disse a entidade em um comunicado.
A prisão de segurança máxima da ilha, situada ao largo da costa de Java, teve reforço na proteção nesta terça-feira. Conselheiros religiosos, médicos e o pelotão de fuzilamento foram alertados para iniciar os preparativos finais para a execução, e ambulâncias, algumas carregando caixões cobertos de cetim branco, chegaram ao local.
Em meio a cenas caóticas fora da cadeia, um membro de uma das famílias australianas desmaiou e foi levado pela multidão. "Eu hoje vivi algo pelo qual nenhuma outra família deveria ter que passar. Nove famílias dentro de uma prisão dizendo adeus a seus entes queridos", disse o irmão de um dos australianos condenados. "É uma tortura."