BUJUMBURA (Reuters) - A entidade eleitoral do Burundi decidiu adiar as eleições locais e parlamentares em resposta a um apelo de líderes africanos, afirmou o chefe do organismo nesta quarta-feira, depois de mais de um mês de protestos contra a intenção do presidente de se candidatar a um terceiro mandato.
O gesto do presidente Pierre Nkurunziza mergulhou a nação em sua pior crise desde que a guerra civil motivada por diferenças étnicas terminou em 2005. Os manifestantes dizem que o movimento viola a Constituição, que estabelece um limite de dois mandatos.
Os protestos quase diários começaram em 26 de abril e ativistas dizem que mais de 30 pessoas foram mortas até agora. Diante disso, o calendário que prevê uma votação parlamentar na sexta-feira e uma presidencial em 26 de junho parecia cada vez mais insustentável.
Sem nenhum sinal do fim dos protestos, líderes africanos reunidos em uma cúpula na Tanzânia pediram um adiamento no calendário eleitoral de pelo menos um mês e meio. Doadores ocidentais e partidos de oposição também defenderam o adiamento.
"As eleições locais e parlamentares de 5 de junho estão adiadas até que outra data seja conhecida. As pessoas autorizadas irão anunciar isso nas próximas horas, dias", afirmou o presidente do órgão eleitoral CENI, Pierre Claver Ndayicariye, numa transmissão na televisão estatal.
Ele não fez nenhuma menção à eleição presidencial.
(Por Clement Manirabarusha, com reportagem adicional de Edmund Blair) 2015-06-03T213902Z_1006940001_LYNXMPEB52190_RTROPTP_1_MUNDO-BURUNDI-ELEICOES-ADIADAS.JPG