BERLIM (Reuters) - Um par de calças com bolsos de couro usadas por Adolf Hitler e um recipiente de latão que continha a cápsula de cianureto usada por um militar alemão de alto escalão para cometer suicídio foram alguns dos itens de um acervo de artigos nazistas vendidos por centenas de milhares de euros em uma leilão na Alemanha.
A venda das peças da coleção de um médico militar norte-americano que atendeu réus dos Julgamentos de Crimes de Guerra de Nuremberg foi criticada pela comunidade judaica alemã, que a classificou de "escandalosa" e "repugnante". A casa de leilões responsável não respondeu a pedidos reiterados de comentário.
Segundo a mídia alemã, um comprador argentino gastou sozinho mais de 600 mil euros no leilão da casa Hermann no fim de semana em Munique, ficando com as calças e a jaqueta militar de Hitler e um relógio de aviador que pertenceu a Hermann Goering, o robusto comandante aéreo nazista, entre outras peças.
As calças foram arrematadas por 62 mil euros, a jaqueta por 275 mil euros, o relógio por 42 mil euros e algumas peças de roupa íntima de seda de Goering por 3 mil euros, de acordo com o jornal Bild.
Entre os outros itens postos à venda estava o recipiente de latão que continha a cápsula de cianureto que Goering engoliu enquanto aguardava julgamento em Nuremberg em 1946, que foi adquirido por 26 mil euros, e as placas de raio-x de Hitler feitas após uma tentativa frustrada de assassinato em julho de 1944, informou a Hermann em seu site.
A casa ainda disse que os bolsos das calças pretas de Hitler são forrados de couro "para que ele pudesse levar uma arma consigo discretamente".
O Conselho Central de Judeus repudiou o leilão na véspera da venda e pediu à Hermann para cancelar o evento.
A casa de leilões disse em sua página de Internet que só obtém objetos de história alemã contemporânea sob condições específicas para museus, arquivos e colecionadores sérios para ajudar a entender os acontecimentos da era nazista e fazer com que eles jamais se repitam.
O Bild noticiou nesta segunda-feira que 169 dos itens vendidos eram da coleção do médico militar John K. Lattimer, que morreu em 2007.
(Por Caroline Copley)