BRUXELAS (Reuters) - O primeiro-ministro da Grã-Bretanha, David Cameron, fez nesta sexta-feira a insinuação mais forte de que espera realizar um referendo sobre a filiação de seu país à União Europeia em 2016, portanto antes de um prazo autoimposto de dois anos.
O momento da consulta, que decidiria se a Grã-Bretanha permanece ou não no bloco, é sensível. Quanto mais a votação for adiada, mais tempo irá durar a incerteza sobre o futuro da UE e da Grã-Bretanha, inclusive a respeito de temas como o comércio.
Cameron disse na quinta-feira ter assegurado um modo de obter um acordo para sua renegociação, de forma a conseguir condições melhores de filiação para sua nação, algo que ele afirmou precisar para convencer eleitores cada vez mais céticos a manter os britânicos no bloco de 28 países.
Ele declarou em entrevista coletiva: "Acredito que 2016 será o ano no qual iremos conquistar algo realmente vital, mudando fundamentalmente o relacionamento da Grã-Bretanha com a UE e finalmente abordando as preocupações do povo britânico a respeito de nossa filiação."
Mas também observou: "Estabeleci o prazo para o referendo para o fim de 2017. Sempre quis me dar tempo para fazer isso direito, o que importa é a substância."
No início desta semana, o ministro britânico dos Assuntos Europeus, David Lidington, afirmou que levaria cerca de 16 semanas para a votação acontecer a partir do momento em que a data de um referendo fosse anunciada.
Sendo assim, um acordo na cúpula de líderes da UE em fevereiro pode abrir caminho para uma consulta em junho. A mídia britânica vem relatando que Cameron prefere realizá-la antes do verão local, em meados do ano, caso haja uma reprise da crise imigratória deste ano, que pesquisas mostraram ter prejudicado o apoio público ao bloco.
(Por Elizabeth Piper em Bruxelas, reportagem adicional de Kylie MacLellan, em Londres)