Por Patrick Nduwimana
BUJUMBURA, Burundi (Reuters) - O presidente do Burundi registrou nesta sexta-feira sua candidatura para concorrer a um terceiro mandato, causando revolta entre manifestantes que se opõem a que ele fique mais cinco anos no cargo.
Centenas de manifestantes entraram em confronto com a polícia no distrito de Nyakabiga, em Bujumbura, na sexta-feira à noite, dizendo que o plano de Pierre Nkurunziza para disputar novamente a eleição viola a Constituição e um acordo de paz que acabou com uma guerra civil étnica em 2005.
Os manifestantes bloquearam ruas e jogaram pedras contra a polícia, que usou gás lacrimogêneo e canhões de água para dispersar a multidão. Eles alegam que a polícia chegou a usar munição real, mas os agentes negam que tenham atirado.
O Tribunal Constitucional do Burundi decidiu nesta semana que Nkurunziza poderia concorrer, dizendo que o seu primeiro mandato não contava porque foi escolhido pelo Parlamento e não pelo povo.
Opositores afirmam que o tribunal é tendencioso e prometeram continuar protestando até que o presidente se retire da corrida eleitoral. Eles apelaram para que o pleito seja adiada devido à agitação popular.
"Para mim, o calendário eleitoral tem de ser respeitado", disse o ex-rebelde hutu que virou presidente, depois de registrar a candidatura na comissão eleitoral.
"Gostaria de dizer que 99 por cento do Burundi estão em paz, os protestos ocorrem apenas numa pequena parte de Bujumbura."
O prazo para o registro de candidaturas acaba sábado.