Por Stephanie Nebehay
GENEBRA (Reuters) - A malária está se espalhando rapidamente pela Venezuela, com mais de 406 mil casos registrados em 2017, um aumento de 69 por cento em relação ao ano anterior, a maior taxa de aumento no mundo todo, disse a Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta terça-feira.
Migrantes venezuelanos que deixam o país devido à crise econômica e social têm levado a doença para o Brasil e outras partes da América Latina, de acordo com a agência da ONU, que fez um apelo às autoridades para que ofereçam diagnóstico e tratamento gratuitos independentemente da situação legal deles para evitar que a doença se espalhe ainda mais.
"Nas Américas, não é apenas a Venezuela. Na verdade estamos registrando aumentos nos números em outros países. A Venezuela, sim, é uma preocupação significativa, a malária está aumentando e está aumentando de uma maneira bastante preocupante", disse o diretor do programa global de malária da OMS, Pedro Alonso, a repórteres.
A Venezuela enfrenta uma grave crise que resultou em hiperinflação e escassez de alimentos e medicamentos, no quinto ano de uma recessão que o governo do presidente Nicolás Maduro diz ser resultado das hostilidades do Ocidente e da queda no preço do petróleo.
Autoridades venezuelanas registraram 240.613 casos de malária em 2016, muitos deles no Estado de Bolívar, na fronteira com a Guyana, com 280 mortes, de acordo com a OMS.
A estimativa de 2017 saltou para 406 mil casos -- cinco vezes mais do que em 2013.
"O que estamos vendo agora é um aumento em massa, provavelmente chegando perto de meio milhão de casos por ano. Esse é o maior aumento reportado em qualquer lugar do mundo", disse Alonso.
Segundo ele, a falta de recursos e campanhas ineficientes de combate à malária são responsáveis pelo aumento dos casos. A OMS e a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) estão trabalhando com autoridades venezuelanas para enfrentar o problema, acrescentou.
"Estamos vendo, inclusive por causa da movimentação populacional, casos entre migrantes venezuelanos aparecendo em outros países -- no Brasil com certeza. Mas também em Colômbia, Equador e em vários outros lugares", afirmou Alonso.