Por Hortense de Roffignac
BOUZINCOURT, França (Reuters) - Esquecidas por décadas, cavernas subterrâneas em um pequeno vilarejo no vale de Somme, na França, contêm um tesouro de centenas de gravuras de soldados canadenses e britânicos da Primeira Guerra Mundial que procuravam refúgio contra ataques alemães.
Pesquisadores de guerra dizem que as gravuras nas pedras de Bouzincourt, que variam de inscrições com nomes de soldados a bandeiras e corações, oferecem uma visão sobre o pensamento dos que foram apanhados na Ofensiva de Somme, uma das batalhas mais sangrentas do século 20.
"Eles sabiam que talvez estivessem para morrer. Todos queremos ser reconhecidos, todos queremos sentir que nossas vidas importam. Então aqui, nestas paredes, vemos eles escrevendo suas últimas mensagens para todos nós, sem saber se alguém veria algum dia", disse Jeffrey Gusky, médico norte-americano que nos últimos 20 anos reuniu imagens para um projeto fotográfico chamado "The Hidden World of WWI" (O mundo escondido da Primeira Guerra Mundial), à Reuters TV.
Acessível por pequenas escadas em espiral na igreja do vilarejo, as cavernas, algumas a 12 metros da superfície, eram usadas por moradores para estocar comida e abrigar suas famílias e gado desde o século 17.
A maior parte das inscrições é de 1916, muitas de julho daquele ano, quando a Batalha de Somme começou. Cerca de 20 mil soldados britânicos foram mortos no primeiro dia. No final da batalha, em meados de novembro, ambos os lados perderam juntos mais de um milhão de soldados.
Acima das cavernas, no solo, existe um pequeno cemitério para mortos da guerra, com relevância especial para visitantes britânicos - abriga a sepultura do tenente Lionel Lupton, ancestral de Catherine, a atual duquesa de Cambridge.