Por Alex Dobuzinskis e Brendan O'Brien
LOS ANGELES (Reuters) - Centenas de jornais dos Estados Unidos dedicaram espaço em suas edições desta quinta-feira para publicar uma defesa coordenada à liberdade de imprensa e uma crítica ao presidente dos EUA, Donald Trump, por dizer que algumas organizações da mídia são inimigas do povo norte-americano.
O The Boston Globe e o The New York Times participaram da campanha que incluiu 350 outros jornais de todos os tamanhos, incluindo alguns em Estados onde Trump venceu na eleição presidencial de 2016.
Cada jornal publicou um editorial, que normalmente é um artigo não assinado que reflete a opinião do conselho editorial da publicação sobre um assunto específico e que é separado das notícias e de outras seções do jornal.
O editorial do The Globe acusou Trump de conduzir uma "constante agressão à imprensa livre".
"A grandeza da América depende do papel da imprensa livre de falar a verdade aos poderosos", disse o The Globe em seu editorial. "Rotular a imprensa como 'inimiga do povo' é tão antiamericano como perigoso para o pacto cívico que temos compartilhado por mais de dois séculos".
A primeira emenda da Constituição dos Estados Unidos garante a liberdade de imprensa.
Trump tem frequentemente criticado jornalistas e descrito reportagens que contradizem sua opinião ou posicionamentos políticos como notícias falsas.
Nesta quinta-feira, Trump disse que não há nada que deseja mais para os Estados Unidos do que uma verdadeira liberdade de imprensa.
"O fato é que a imprensa é livre para escrever e dizer qualquer coisa que quiser, mas muito do que diz são notícias falsas, impondo agendas políticas ou simplesmente tentando machucar as pessoas. A honestidade vence", escreveu Trump no Twitter.
Os comentários do presidente republicano refletem a opinião de muitos conservadores que acreditam que jornais e outros meios de comunicação distorcem, inventam e omitem fatos para prejudicá-los.
Um representante da Casa Branca não pôde ser encontrado de imediato para comentar os editoriais.
O editorial do The New York Times disse que é possível criticar a mídia por dar muita ou pouca atenção para determinadas histórias, ou por cometer erros.
"Repórteres e editores são humanos e cometem erros. Corrigi-los é central para o nosso trabalho", disse. "Mas, insistir que verdades que você não gosta são 'notícias falsas' é perigoso para a força vital da democracia. E chamar jornalistas de 'inimigo do povo' é perigoso, ponto."