Por Tarek Amara e Ulf Laessing
TÚNIS (Reuters) - Centenas de tunisianos realizaram os primeiros protestos do mundo árabe contra o príncipe herdeiro da Arábia Saudita quando este chegou para uma visita nesta terça-feira, denunciando-o como um assassino envolvido na morte do jornalista Jamal Khashoggi.
Os protestos foram uma ocorrência rara para o príncipe Mohammed bin Salman, líder de fato do reino que não enfrenta grandes críticas em casa e que foi acolhido com recepções exuberantes em visitas anteriores ao Barein, aos Emirados Árabes Unidos e ao Egito.
Desde as revoltas da Primavera Árabe de 2011, que depôs governantes de longa data na região e causou tumultos, a Tunísia passou por uma transição democrática e é um dos poucos países árabes que permitem protestos.
Centenas de manifestantes marcharam pela avenida central Habib Bourguiba de Túnis, cenário de protestos em massa que levaram à queda do líder Zine El Abidine Ben Ali em 2011, no segundo dia de manifestações contra o príncipe saudita.
Eles bradaram "o assassino não é bem-vindo à Tunísia" e "Vergonha para os governantes da Tunísia" por receberem Salman.
O assassinato de Khashoggi, colunista do jornal Washington Post e crítico do príncipe herdeiro, no consulado saudita em Istambul seis semanas atrás tensionou os laços de Riad com o Ocidente e abalou a imagem do príncipe no exterior.
Riad disse que o príncipe, herdeiro do trono do maior exportador de petróleo do mundo, não teve conhecimento prévio do crime.
Depois de oferecer várias explicações contraditórias, Riad disse mais tarde que Khashoggi foi morto e que seu corpo foi esquartejado quando negociações para persuadi-lo a voltar à Arábia Saudita fracassaram.