Por John Davison
BEIRUTE (Reuters) - Um cessar-fogo apoiado por Rússia e Turquia que visa a acabar com quase seis anos de guerra na Síria e a levar a conversas de paz aparentemente estava sendo mantido nesta sexta-feira, mas foi manchado por confrontos desde que passou a vigorar à meia-noite.
O presidente russo, Vladimir Putin, aliado-chave do presidente sírio, Bashar al-Assad, anunciou o cessar-fogo na quinta-feira após fechar um acordo com a Turquia, um apoiador de longa data da oposição.
Monitores e uma autoridade rebelde relataram a ocorrência de confrontos entre insurgentes e forças do governo quase imediatamente após a entrada em vigor da trégua, à meia-noite do horário local (20h no horário de Brasília).
Menos de doze horas depois, forças do governo sírio e seus aliados se chocaram com rebeldes em um vale estratégico a nordeste de Damasco, e helicópteros armados realizaram operações na área, relatou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos. Mais tarde, aviões de guerra governamentais realizaram ataques no norte de Hama, segundo o grupo de monitoramento.
A calma continuou a prevalecer em muitas áreas incluídas no acordo, disseram o Observatório e autoridades rebeldes, mas os combates sublinham a fragilidade de qualquer acordo de trégua em um país onde esforços internacionais repetidos visando à paz fracassaram.
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse que os Estados Unidos podem entrar no processo de paz depois que o presidente eleito Donald Trump tomar posse, em 20 de janeiro. Ele também disse querer a participação de Egito, Arábia Saudita, Catar, Iraque, Jordânia e da ONU.
Diversos grupos rebeldes assinaram o acordo, segundo o Ministério da Defesa da Rússia.
Várias autoridades rebeldes reconheceram o acordo, e o porta-voz do Exército Livre da Síria (FSA), uma aliança informal de grupos insurgentes, disse que irá respeitar a trégua.
Um comandante do FSA se mostrou otimista com o acordo, a terceira tentativa séria de um cessar-fogo de âmbito nacional neste ano. "Desta vez tenho confiança em sua seriedade. Existe um novo ímpeto internacional", disse o coronel Fares al-Bayoush, sem dar detalhes.
A guerra civil síria, que começou com uma revolta pacífica que degenerou em violência em 2011, já resultou em mais de 300 mil mortes e deslocou mais de 11 milhões de pessoas, metade da população pré-guerra.
O cessar-fogo, ocorrido no apagar das luzes da gestão do presidente dos EUA, Barack Obama, foi a primeira grande iniciativa diplomática internacional no Oriente Médio em décadas que não envolveu Washington.