Por Nick Starkov
KIEV (Reuters) - O chefe da força mercenária russa Wagner alertou que a posição da Rússia em torno da cidade de Bakhmut, no leste da Ucrânia, está em perigo, a menos que suas tropas recebam munição, o mais recente sinal de tensão entre o Kremlin e o líder da milícia privada.
Autoridades militares ucranianas e analistas também relataram que os líderes da 155ª Brigada da Rússia lutando perto da cidade de Vuhledar, ao sul de Bakhmut, estavam resistindo às ordens de ataque depois de sofrerem graves perdas nas tentativas de capturá-la.
De sua parte, o Ministério da Defesa da Rússia disse no domingo que as forças russas atingiram um centro de comando do Regimento Azov ucraniano na região sudeste de Zaporizhzhia. O ministério não deu detalhes sobre o ataque.
A Reuters não pôde verificar de forma independente os relatos do campo de batalha.
O chefe de Wagner, Yevgeny Prigozhin, disse que as linhas de frente da Rússia perto de Bakhmut podem entrar em colapso se suas forças não receberem a munição prometida por Moscou em fevereiro.
"Por enquanto, estamos tentando descobrir o motivo: se é apenas burocracia comum ou uma traição", disse Prigozhin, referindo-se à ausência de munição, em seu canal de serviço de imprensa no Telegram no domingo.
O chefe mercenário critica regularmente as autoridades de Defesa e os principais generais da Rússia. No mês passado, ele acusou o ministro da Defesa, Sergei Shoigu, e outros de "traição" por reter o fornecimento de munições a seus homens.
Em um vídeo de quase quatro minutos publicado no canal Wagner Orchestra Telegram no sábado, Prigozhin afirmou que suas tropas estão preocupadas com o fato de o governo querer colocá-las como possíveis bodes expiatórios se a Rússia perder a guerra.
"Se Wagner se retirar de Bakhmut agora, toda o front entrará em colapso", disse Prigozhin. "A situação não será agradável para todas as formações militares que protegem os interesses russos."
Uma vitória russa em Bakhmut, com uma população pré-guerra de cerca de 70.000 habitantes, daria ao país a primeira grande conquista em uma custosa ofensiva de inverno (no Hemisfério Norte), depois de convocar centenas de milhares de reservistas no ano passado. A Rússia diz que seria um impulso para concluir a captura da região industrial de Donbas, um de seus objetivos mais importantes.
Volodymyr Nazarenko, comandante das tropas ucranianas em Bakhmut, declarou que não houve ordem de retirada e "a defesa está se mantendo" em condições difíceis.
"A situação em Bakhmut e ao redor é infernal, assim como em todo o front oriental", disse Nazarenko em um vídeo postado no Telegram.
Os militares da Ucrânia disseram na manhã desta segunda-feira que suas forças repeliram 95 ataques russos na área de Bakhmut no dia anterior.
(Por Reuters)