DUBAI (Reuters) - O Irã mostrou comprometimento com o acordo sobre seu programa nuclear acordado com as potências mundiais, disse o chefe do órgão de monitoramento de energia atômica das Nações Unidas neste domingo, após reclamações de Teerã sobre o que chamou de uma violação norte-americana do acordo.
A Casa Branca afirmou na quinta-feira que um projeto de lei ampliando as sanções dos Estados Unidos contra o Irã por 10 anos se tornaria lei sem a assinatura do presidente Barack Obama, acrescentando que isso não afetaria a implementação geral do acordo nuclear.
"Estamos satisfeitos com a implementação do (acordo) e esperamos que este processo continue", disse o diretor-geral da AIEA Yukiya Amano, citado pela agência de notícias IRNA em fala a repórteres em Teerã.
"O Irã tem se comprometido com sua promessa até agora e isso é importante", disse Amano, citado após reunião com o chefe da energia nuclear do Irã, Ali Akbar Salehi.
Em resposta à extensão das sanções norte-americanas, o Irã ordenou a seus cientistas na semana passada que começassem a desenvolver sistemas para navios nucleares.
Essa ação deve piorar as tensões com Washington, já pesadas pela promessa do presidente eleito Donald Trump de acabar com o acordo.
O presidente iraniano Hassan Rouhani se encontrou com Amano no domingo e "expressou esperança de que o Irã e a AIEA sejam capazes de ter uma cooperação técnica boa sobre a propulsão nuclear para transportes", disse a semi-oficial agência de notícias Fars.
O chefe de energia nuclear do Irã Ali Akbar Salehi afirmou ter apresentado o projeto de propulsão nuclear a Amano durante a reunião, acrescentando que o Irã providenciaria detalhes sobre o mesmo em três meses, segundo a IRNA.
Especialistas nucleares afirmaram que a medida do Irã, caso seja realizada, provavelmente exigiria que Teerã enriquecesse urânio a uma pureza acima do nível máximo estabelecido no acordo nuclear para dissipar temores de que o país construa uma bomba atômica.
Salehi afirmou que o combustível usado para a propulsão nuclear poderia variar entre 5 e 90 por cento em enriquecimento, mas acrescentou: "nós certamente iremos agir dentro do acordado", segundo a agência IRNA.
Sob o acordo de 2015, o Irã freou sua produção de combustível nuclear em troca de alívio das sanções econômicas. Teerã não pode enriquecer urânio acima de 3,67 por cento de pureza por 15 anos, um nível que não deve ser suficiente para tais navios, segundo os especialistas.