Por Kate Kelland e Roxanne Liu
LONDRES/PEQUIM (Reuters) - Os portadores de HIV da China correm o risco de ficar sem seus remédios anti-Aids porque quarentenas e interdições adotadas para conter o surto de coronavírus estão impedindo o reabastecimento de estoques essenciais de medicamentos, alertou o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAids) nesta quarta-feira.
A UNAids disse que entrevistou mais de mil soropositivos chineses e descobriu que a epidemia de coronavírus, agora conhecido como COVID-19, está tendo um "grande impacto" em suas vidas.
Até agora, o surto já infectou mais de 74 mil pessoas na China e matou mais de 2 mil.
Quase um terço dos portadores de HIV entrevistados pela UNAids disseram que as interdições e restrições à movimentação na China os sujeitam ao risco de ficar sem tratamento nos próximos dias.
Destes, quase metade – ou 48,6% – disseram que não sabem onde buscar a próxima dose de sua terapia antirretroviral.
"As pessoas que vivem com o HIV precisam continuar a receber os remédios de HIV que precisam para mantê-las vivas", disse a diretora-executiva da UNAids, Winnie Byanyima, em um comunicado. "Precisamos fazer com que todos que precisam de tratamento para HIV o recebam, não importa onde estejam."
A UNAids diz que, de acordo com fontes do governo chinês, havia cerca de 1,25 milhão de soropositivos no país no final de 2018.