CAIRO (Reuters) - Um ciclone com a força de um furacão atingiu a costa do Iêmen no Mar da Arábia nesta terça-feira, inundando a quinta maior cidade do país, Mukalla, e levando milhares de pessoas a fugirem em busca de abrigo.
Funcionários do governo e meteorologistas dizem que a tempestade é a mais intensa em décadas no país de clima árido, cuja resposta à situação de emergência é dificultada pela pobreza e uma guerra civil feroz.
Em Mukalla, cuja população de 300 mil pessoas está na maior parte sob um governo de combatentes da Al Qaeda desde que o Exército se retirou da área, em abril, os carros estão sob as águas nas ruas e dezenas de famílias fugiram para um hospital por medo de deslizamentos de rochas.
Moradores disseram que o passeio público na costa e muitas casas foram destruídos pelo ciclone, chamado de Chapala. Segundo e as autoridades da província de Shabwa, uma região seca, cerca de 6.000 pessoas se mudaram para lugares mais altos.
"O vento derrubou totalmente a energia elétrica na cidade e as pessoas ficaram aterrorizadas Alguns moradores tiveram de deixar suas casas e fugir para áreas mais altas onde a inundação foi menor. Foi uma noite difícil, mas transcorreu pacificamente", disse Sabri Saleem, que vive em Mukalla. Não havia informações, por ora, sobre feridos.
Um militante da Al Qaeda rezou no Twitter pela salvação na tempestade e disse que um aparelho não-tripulado dos Estados Unidos estava voando especialmente baixo sobre a cidade, onde o vice-líder da Al Qaeda local foi morto em um ataque aéreo em junho.
"Que Deus o faça cair", disse o homem, que usava o nome Laith al-Mukalla. "Deus nos poupe de sua ira, e mande as chuvas para o coração dos vales e montanhas."
O ciclone atingiu primeiro a remota ilha iemenita de Socotra, matando três pessoas e deslocando milhares. Uma ilha de belezas naturais, Socotra fica a 380 quilômetros da costa do Iêmen, no Mar da Arábia, e abriga centenas de espécies de plantas não encontradas em nenhum outro lugar na Terra. Seus 50.000 moradores falam uma língua própria.
Agências meteorológicas previram que o Chapala tocaria a terra perto de Balhaf, local do terminal de gás natural liquefeito do Iêmen, e perderia força à medida que avançasse em direção à capital, Sanaa, no norte do país.
(Reportagem de Mohammed Ghobari e Noah Browning)