Por Jack Kim e Aradhana Aravindan
CINGAPURA (Reuters) - Hackers se infiltraram na base de dados de saúde do governo de Cingapura na pior violação de dados pessoais do país, roubando registros de 1,5 milhão de pacientes, incluindo prescrições médicas do primeiro-ministro, disse o governo na sexta-feira.
Autoridades do governo não disseram quem poderia estar por trás do ataque, mas uma declaração conjunta dos Ministérios de Saúde e Comunicações sugeriu um alto grau de sofisticação.
"Investigações da Agência de Segurança Cibernética de Cingapura (CSA) e do Sistema Integrado de Informação de Saúde (IHiS) confirmaram que se tratava de um ciberataque deliberado, direcionado e bem planejado", disse o comunicado.
"Não foi o trabalho de hackers casuais ou gangues criminosas."
Os hackers roubaram detalhes pessoais e os registros de prescrições de pacientes que visitaram os ambulatórios de Cingapura entre 1º de maio de 2015 e 4 de julho deste ano, segundo o comunicado.
"Os hackers repetidamente miraram nos dados pessoais do primeiro-ministro Lee Hsien Loong e informações sobre seus medicamentos prescritos", disse o comunicado.
O primeiro-ministro Lee disse em um post no Facebook (NASDAQ:FB) que não sabia quais informações os invasores esperavam encontrar.
"Meus dados de medicação não são algo que eu normalmente contaria às pessoas, mas não há nada de alarmante nisso", disse.
Ataques cibernéticos têm sido raros em Cingapura, que investiu pesadamente em segurança nessa área na última década. O ataque ocorre no momento em que o Estado altamente conectado e digitalizado tornou a segurança cibernética uma das principais prioridades tanto internamente, quanto para seus vizinhos no bloco regional Associação de Nações do Sudeste Asiático.
Um funcionário do Ministério da Saúde, que pediu para não ser identificado, disse que pode haver "algum inconveniente" como resultado do ataque, mas a extensão total do impacto não ficou imediatamente clara.
Os ataques cibernéticos nos sistemas de saúde aumentaram nos últimos anos em todo o mundo, porque os registros médicos podem fornecer informações valiosas tanto para agências de espionagem de governo quanto para hackers criminosos que buscam lucrar com esse tipo de roubo.
Cingapura criará uma comissão de inquérito para investigar o ataque cibernético e se mobilizará para fortalecer as defesas do governo contra hackers, informou o Ministério das Comunicações em um comunicado separado.