Por Mohammed Ghobari e Mohammed Mukhashef
CAIRO/ÁDEN (Reuters) - Aviões de guerra de uma coalizão liderada pela Arábia Saudita bombardearam o Iêmen nesta quarta-feira, apesar do anúncio dos sauditas de que estavam encerrando sua campanha de ataques aéreos, ao mesmo tempo em que novos confrontos estouraram entre os rebeldes houthis e as forças leais ao presidente exilado.
As hostilidades são uma demonstração de como será difícil se chegar a uma solução política para uma guerra que despertou a animosidade entre o Irã e potências do Golfo.
O anúncio feito por Riad na terça-feira, de que encerraria uma campanha de mais de um mês de ataques aéreos contra os houthis aliados ao Irã, havia gerado respostas positivas na Casa Branca e em Teerã.
Mas horas depois, ataques aéreos e confrontos em terra recomeçaram, e a Cruz Vermelha Internacional descreveu a situação humanitária como "catastrófica". O movimento rebelde dos houthis afirmou que deseja a retomada das negociações de paz mediadas pela Organização das Nações Unidas (ONU), mas somente depois de uma completa interrupção dos ataques aéreos.
Enquanto isso, combatentes houthis capturaram uma base do Exército que era leal ao presidente Abd-Rabbu Mansour Hadi na cidade de Taiz. Um ataque aéreo saudita atingiu o local logo em seguida, disseram moradores. Aviões da coalizão saudita depois atingiram posições rebeldes no sul do Iêmen com mais 12 ataques aéreos, também segundo relatos de moradores.
Ainda no sul do Iêmen, milicianos pró-Hadi lutaram contra os houthis e seus aliados no Exército fiéis ao poderoso ex-presidente Ali Abdullah Saleh, e os moradores de Áden disseram ter presenciado tiros de tanques e metralhadoras.
O sul do Iêmen tem sido o último reduto de resistência contra o avanço dos houthis, e os locais expressaram descontentamento com o fim dos ataques sauditas.
"A decisão foi estranha e totalmente inesperada. Nossos combatentes tiveram ganhos, mas precisavam de mais apoio aéreo saudita. Agora, ouvimos que os houthis e o povo do Saleh estão avançando em muitos lugares", disse um morador em Áden.
Em Washington, o embaixador saudita, Adel al-Jubeir, deixou claro que a campanha de bombardeios não estava totalmente encerrada e advertiu sobre um novo ataque dos houthis em Áden "de três lados". Ele afirmou a jornalistas que os sauditas continuarão a usar a força "para impedi-los de tomar o Iêmen por uma ação agressiva".