Por Harold Isaac
PORTO PRÍNCIPE (Reuters) - O governo do Haiti afirmou nesta quinta-feira que vai estender por mais um mês o estado de emergência no Departamento de Ouest, onde fica a capital Porto Príncipe, após o aumento da violência promovida por gangues que querem a queda do primeiro-ministro, que está fora do país.
A declaração no diário oficial do país caribenho informou que o estado de emergência ficará em vigência até o dia 3 de abril, com toque de recolher noturno até 11 de março.
O governo disse que o objetivo da extensão é “restabelecer a ordem e adotar as medidas apropriadas para retomar o controle da situação”.
O estado de emergência proíbe todos os protestos, de dia e de noite, e dá às forças de segurança a autorização de usar “todos os meios legais” à sua disposição para cumprir o toque de recolher e deter quem não respeitá-lo, disse o governo.
Os serviços de emergência, as forças de segurança e alguns jornalistas serão liberados do toque de recolher, de acordo com o governo.
As autoridades introduziram o estado de emergência na noite de domingo, por causa da escalada do conflito. Milhares de presos foram libertados, e estimadas dezenas de milhares de pessoas ficaram desalojadas, enquanto o primeiro-ministro, Ariel Henry, viajava para o Quênia em busca de sua liderança de uma força internacional com o intuito de combater as gangues.
Henry permanece em Porto Rico, aparentemente sem vontade ou condições de retornar à capital, que tem sido palco de tiroteios até em importantes centros de transporte, como o aeroporto internacional. Os Estados Unidos pressionam o premiê para “acelerar” uma transição política.
Cite Soleil, uma importante favela da capital, tem taxas de morte comparáveis às zonas de guerra na Síria, de acordo com uma pesquisa publicada nesta quinta-feira pelos Médicos Sem Fronteiras.
“Estou acostumado a ver pessoas mortas”, afirmou um membro da entidade no Haiti. “Estou acostumado a ver corpos no chão. Estou acostumado a ouvir ‘bangs’. Às vezes é alguém que você conhece.”
(Reportagem de Harold Isaac em Porto Príncipe, Sarah Morland na Cidade do México e Don Pessin em Washington)