Por Eyanir Chinea
CARACAS (Reuters) - A comissão eleitoral da Venezuela disse ser o único organismo que pode reformar as regras de um referendo sobre a saída do presidente do poder, jogando água fria nos planos da oposição para remover o presidente Nicolás Maduro em meio a uma crise econômica.
A oposição, que ganhou o controle da Assembleia Nacional nas eleições de dezembro, afirma que remover Maduro é a única forma de evitar que a recessão grave, a falta de produtos básicos e a inflação de três dígitos piorem.
Os opositores estão tentando aprovar uma lei acelerando o processo para a realização de um referendo para que a votação possa ocorrer neste ano.
Maduro, de 53 anos, diz que a oposição planeja um golpe e promete permanecer no cargo até o fim do seu mandato em 2019. Ele ganhou força com a avaliação do Conselho Nacional Eleitoral, o CNE, que é tido como alinhado ao seu governo de esquerda.
A nova lei de referendo proposta pela oposição “está sendo empreendida fora da estrutura constitucional”, disse a presidente do CNE, Tibisay Lucena, numa carta enviada na segunda-feira ao chefe da Assembleia Nacional.
O presidente da Assembleia, Henry Ramos, declarou nesta terça-feira que a oposição iria seguir com os planos para um referendo, uma das diversas estratégias sendo avaliadas para remover Maduro, que venceu a eleição de 2013 para substituir o líder morto Hugo Chávez.
Pouco menos de dois terços dos venezuelanos acham que a presidência de Maduro deveria terminar neste ano, segundo uma pesquisa divulgada no mês passado.
Se autoridades postergarem um referendo até 2017, e Maduro perder, o seu vice-presidente completaria o mandato, em vez de novas eleições serem realizadas.
"Nós precisamos de essa lei para encurtar os prazos porque, se isso ficar com o CNE, eles vão postergar para sempre”, afirmou Ramos.
(Reportagem adicional de Diego Oré)