Por Toby Sterling
AMSTERDÃ (Reuters) - Um comitê de aconselhamento da Holanda disse ao governo que o país deve admitir que o comércio transatlântico de escravos nos séculos 17 a 19 equivaleu a crimes contra a humanidade e pedir desculpas pelo envolvimento holandês.
O comitê independente, cujas recomendações não são obrigatórias, foi montado na esteira de protestos contra o assassinato de George Floyd, um norte-americano negro que morreu sob custódia da polícia dos Estados Unidos.
A entidade observou que o conhecimento popular sobre o passado colonial do país é pequeno, e recomendou que ele seja ensinado nas escolas.
"A história não pode ser revertida", disse a presidente do comitê, Dagmar Oudshoorn, em um sumário das conclusões do grupo.
"Entretanto, é possível expressar a intenção de que esta injustiça histórica... cujas consequências nefastas ainda estão sendo sentidas hoje, seja corrigida tanto quanto possível, para fazer disto o primeiro passo de políticas".
Após a morte de Floyd no ano passado, o primeiro-ministro Mark Rutte reconheceu que o racismo e a discriminação também são um problema na Holanda, e seu governo ajudou a criar o comitê independente.
Mas, como enfrenta a tarefa delicada de reconciliar visões polarizadas da população, ele disse que seu governo não pedirá desculpas pela escravidão porque não cabe a ele julgar a história holandesa e fazê-lo dividiria ainda mais as opiniões.
Enquanto muitos holandeses veem os capitães marítimos de séculos passados como heróis, estão menos cientes do papel que tiveram no comércio de escravos da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais -- uma fonte importante da riqueza nacional inicial do país.