Por Chris Arsenault
TORONTO (Thomson Reuters Foundation) - Os habitantes da maior floresta tropical do mundo são mais eficientes do que governos para protegê-la, mostrou um estudo divulgado nesta terça-feira, em meio aos esforços para reprimir o desmatamento ilegal crescente.
A criação de animais e a exploração madeireira estão destruindo rapidamente florestas que há séculos abrigam comunidades indígenas na Amazônia, muitas vezes chamada de "pulmão do mundo" por absorver o dióxido de carbono causador da mudança climática.
"Nossa análise mostra que a gestão local da floresta pode ser muito eficaz para conter a degradação da floresta na Amazônia peruana", disse a principal autora do estudo, Judith Schleicher, pesquisadora da Universidade de Cambridge, em um comunicado.
"Iniciativas locais de conservação merecem mais apoio político, financeiro e legal do que recebem atualmente."
O estudo, realizado por pesquisadores britânicos e peruanos, usou informações detectadas remotamente e dados oficiais de 2006 a 2011 para comparar áreas do Peru sob proteção estatal com terras administradas por comunidades locais da floresta e por grupos indígenas.
Embora as duas estratégias tenham se mostrado mais eficientes para manter florestas tropicais do que áreas desprotegidas, aquelas sob os cuidados dos locais se saíram melhor do que as terras gerenciadas pelo governo, segundo a pesquisa.
Ativistas esperam que o envolvimento do Ministério do Meio Ambiente do Peru no estudo possa alterar as políticas administrativas.
O Peru prometeu chegar ao desmatamento zero até 2021, mas ambientalistas dizem que uma ofensiva de mineiros ilegais atrás de ouro e produtores de óleo de palma na fronteira amazônica pode inviabilizar esta meta.
A ministra peruana do Meio Ambiente, Elsa Galarza, elogiou os guardas florestais das comunidades por protegerem as florestas.
"A população é uma grande aliada estratégica para conservar nossos ecossistemas", afirmou ela em um comunicado no sábado.
Ativistas dizem que as autoridades do ministério são pressionadas por grupos de lobby poderosos com interesses econômicos na extração de matérias-primas da Amazônia, que não querem ceder o controle de terras em florestas para comunidades locais.
Mais de 40 por cento das emissões de gases de efeito estufa do Peru vêm da alteração do uso da terra e da silvicultura, segundo dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, na sigla em inglês).
As invasões de terras indígenas perto da fronteira do Brasil com o Peru aumentaram e pelo menos 10 membros de uma tribo "não contactada", segundo reportagens, foram massacrados mo mês passado por mineiros em busca de ouro.