LIMA (Reuters) - O Congresso peruano, controlado pela oposição, aprovou na noite de segunda-feira investigar em um prazo de 15 dias o procurador-geral, Pablo Sánchez, por suposta inação em reação aos casos de corrupção envolvendo a empreiteira Odebrecht no país.
A comissão permanente do Congresso fixou o prazo para que o grupo de trabalho de acusações constitucionais investigue o procurador, que rejeitou as denúncias dos parlamentares do partido Força Popular, da ex-candidata presidencial Keiko Fujimori e que domina o legislativo e promove as investigações.
O parlamentar opositor Daniel Salaverry, que apresentou a denúncia, argumentou que a Procuradoria-Geral não adotou as ações necessárias contra executivos de empresas sócias da Odebrecht no Peru, como a Graña y Montero, a maior construtora do país -- que nega as acusações.
A denúncia contra Sánchez surgiu depois que o Ministério Público reabriu, há algumas semanas, uma investigação de lavagem de ativos contra o ex-secretário-geral da Força Popular, Joaquín Ramírez, um dos maiores financistas da última campanha eleitoral de Keiko.
Uma porta-voz da Procuradoria-Geral disse que Sánchez irá ao Congresso quando o convocarem com o advogado constitucionalista Samuel Abad Yupanqui, designado para defendê-lo no caso.
Se a comissão de acusações constitucionais do Congresso der luz verde para a denúncia, o plenário do Congresso a submeterá a uma votação, com a qual poderia destituir Sánchez.
"Não deixarei a luta contra a corrupção, caia quem cair. Como cidadão me indigna esta prepotência, mas adotarei as ações legais que correspondem", disse Sánchez em um comunicado recente quando o Congresso anunciou a investigação.
Organismos de direitos humanos, universitários e sindicatos repudiaram em uma coletiva de imprensa a suposta intenção da Força Popular de frear a investigação da Procuradoria-Geral contra Keiko Fujimori em um caso vinculado à Odebrecht.
Segundo jornais locais, o ex-presidente da construtora, Marcelo Odebrecht, disse a procuradores peruanos que sua empresa financiou a campanha dos principais candidatos presidenciais do Peru, entre eles Keiko, e contratou o presidente, Pedro Pablo Kuczynski, como consultor na década passada. Tanto Keiko como Kuczynski negaram estas informações.
(Por Marco Aquino)