Por Jill Serjeant
NOVA YORK (Reuters) - Livrarias abriram cedo nos Estados Unidos nesta terça-feira para o início das vendas do segundo romance de Harper Lee, "Go Set a Watchman", em meio a críticas divididas e uma grande desilusão com a descrição do heróico advogado dos anos 1950 Atticus Finch, agora retratado como racista.
A livraria Ol' Curiosities & Book Shoppe, na cidade natal de Harper, Monroeville, Alabama, abriu as portas à meia-noite, ao passo que outras lojas também se adiantaram para atender a demanda pelo único livro da reclusa autora publicado desde seu clássico dos anos 1960, "O Sol É Para Todos".
Embora tenha sido tratado como uma sequencia para o conto de Harper sobre racismo e injustiça no sul dos EUA, "Watchman" foi escrito antes de "O Sol É Para Todos", embora seja ambientado 20 anos após os eventos do livro que rendeu à autora o prêmio Pulitzer.
Lee, agora com 89 anos, foi aconselhada por seu editor nos anos 1950 a fazer alterações em "Watchman", o qual mostra uma crescida Scout Finch e seu envelhecido pai Atticus Finch, e conta a história a partir do ponto de vista da filha. O resultado dessas modificações foi "O Sol É Para Todos".
A descrição de um Finch mais velho em "Watchman", como um homem que foi a reuniões da Ku Klux Klan e se opunha à dessegregação racial, gerou polêmica por causa do forte contraste com o nobre advogado que defendeu um homem negro erroneamente acusado de estuprar uma mulher branca em "O Sol É Para Todos".
Sam Sacks, do Wall Street Journal, descreveu "Watchman" como um "livro perturbador, que entrega uma surpreendente negativa ao brilhante idealismo de ‘O Sol É Para Todos'. Esta história é para derrubar ídolos; seu principal tema é a desilusão."