Por Rodrigo Viga Gaier
RIO DE JANEIRO (Reuters) - O cônsul alemão acusado de matar o marido em uma cobertura em Ipanema, no Rio de Janeiro, neste mês, foi denunciado e teve prisão preventiva solicitada pelo Ministério Público por homicídio triplamente qualificado, informou nesta segunda-feira o MP fluminense, que apura se o diplomata deixou o Brasil.
Uwe Herbert Hahn, que foi acusado de matar o cônjuge, o belga Walter Henri Maximilien Biot, estava preso desde 7 de agosto, mas deixou a prisão na sexta-feira por decisão de uma desembargadora, que argumentou que os promotores tinham perdido o prazo inicial para apresentar a denúncia.
O Ministério Público rejeitou a alegação da magistrada e disse que "não houve perda de prazo processual para apresentação da denúncia" contra o cônsul. Os promotores disseram que estão apurando se o cônsul deixou o Brasil após ser solto.
Segundo reportagem do portal de notícias G1, Hahn saiu do Rio na noite de domingo e já estaria de volta na Alemanha.
Na denúncia, o MP disse que o crime foi cometido por motivo torpe, "abjeto sentimento de posse que o denunciado nutria pela vítima, subjugando-a financeira e psicologicamente, e não admitindo que o ofendido tentasse estabelecer algum nível de independência do denunciado, seja economicamente seja estabelecendo relações de amizade com outras pessoas”.
Para a promotoria, “o delito foi cometido de forma a dificultar a defesa da vítima, que se encontrava com sua capacidade de reação reduzida pela ingestão de bebida alcoólica e de medicação para ansiedade”.
A delegada do caso, Camila Lourenço, lamentou a soltura do diplomata. “Trabalhamos de forma incansável na apuração dos fatos para chegar à autoria desse crime bárbaro e conseguir elucidar em tempo recorde", disse ela à Reuters.
Após a morte de Biot, o cônsul disse à polícia que o marido havia caído após sofrer um mal súbito. A polícia, no entanto, o prendeu por suspeita de assassinato depois que a perícia encontrou manchas de sangue no apartamento e a autópsia do corpo de Biot mostrou vários ferimentos, levando-os a considerar o caso uma "morte violenta".
Procurado, o consulado alemão no Rio de Janeiro não foi encontrado para comentar.