Por Tom Käckenhoff e Jean-François Rosboblet
DUESSELDORF/MARSELHA (Reuters) - O copiloto suspeito de derrubar um avião da companhia aérea Germanwings propositalmente nos Alpes Franceses pesquisou formas de cometer suicídio na Internet pouco antes do acidente que matou 150 pessoas, disseram promotores alemães nesta quinta-feira.
Autoridades judiciais de Duesseldorf, terra natal do piloto, afirmaram que um computador encontrado em sua casa também revelou buscas sobre as portas da cabine e sobre precauções de segurança relacionadas a elas.
Os indícios cada vez maiores de preparativos para um suicídio surgiram no mesmo momento em que a polícia francesa encontrou a segunda caixa preta do avião, o que aumenta as esperanças de mostrar em detalhes como o copiloto Andreas Lubitz, de 27 anos, colocou a aeronave em seu rumo fatal.
Se intacto, o gravador de dados do Airbus A320 irá fornecer um panorama minucioso de centenas de parâmetros, entre eles quaisquer comandos emitidos do assento do copiloto durante o voo destinado a Duesseldorf em 24 de março.
A caixa preta deve ser analisada pelo Escritório de Investigação e Análise para a Segurança da Aviação Civil da França (BEA, na sigla em francês), que tentará equiparar os dados com as gravações de voz da cabine e com informações dos radares de solo.
Há uma "esperança razoável" de que os dados possam ser recuperados intactos, apesar de a caixa preta ter sido danificada na queda, disse o promotor de Marselha, Brice Robin.
Robin chocou o mundo da aviação na sexta-feira passada ao alegar que um gravador de voz separado da cabine, encontrado horas depois da tragédia, indicava que Lubitz derrubou o avião de propósito depois de se trancar na cabine de comando.
Mas os investigadores ainda se esforçam para entender por que Lubitz iria assumir os controles do avião, trancar o capitão do lado de fora da cabine durante uma pausa para ir ao banheiro e lançar a aeronave contra a encosta de uma montanha.
Em Duesseldorf, os promotores afirmaram que Lubitz "procurou informações sobre maneiras de cometer suicídio" em pesquisas on-line entre 16 e 23 de março, um dia antes da queda.
"Em pelo menos um dia, durante vários minutos, a pessoa fez pesquisas relacionadas às portas da cabine e suas precauções de segurança", acrescentaram em comunicado.
O jornal alemão Bild relatou nesta quinta-feira que Lubitz teria supostamente mentido aos médicos, dizendo-lhes que estava de licença médica e não pilotando voos comerciais.
Robin declarou que 150 amostras de DNA foram encontradas nos destroços, precisamente o número de passageiros e tripulantes a bordo do avião da empresa de voos de baixo custo. Ele enfatizou, porém, que essa descoberta não significa que todas as vítimas foram encontradas.
Cada vez que se encontrar correspondência de uma amostra de DNA com uma vítima, os familiares serão informados imediatamente, garantiu ele a repórteres em Marselha, na França.
Ainda, 470 itens pessoais foram encontrados, incluindo 42 telefones celulares, mas Robin afirmou que os objetos provavelmente não seriam úteis para as investigações.
"Esses telefones estão muito, muito danificados, o que dificultará muito extrair informações deles", disse.
Após uma busca de nove dias, a segunda caixa preta foi encontrada por um policial francês em uma ravina, a 20 centímetros de profundidade, em um local que já tinha sido vasculhado várias vezes, disse Robin. Ela tinha pegado fogo e estava enegrecida e danificada.
(Reportagem adicional de Gerard Bon, Sophie Louet, Madeline Chambers, Caroline Copley, Victoria Bryan)