Por Anthony Deutsch
AMSTERDÃ (Reuters) - A Holanda está analisando com seus aliados a criação de um tribunal internacional para julgar os suspeitos de derrubar um avião de passageiros da Malásia sobre território controlado pelos rebeldes na Ucrânia, no ano passado, disseram à Reuters fontes familiarizadas com o assunto.
Na melhor das hipóteses, a chance de um processo bem-sucedido é pequena, mas os holandeses ainda esperam que, pressionando por um tribunal no estilo da ONU, com o apoio de aliados ocidentais, possam fazer pressão pela colaboração da Rússia, cujo papel no caso é decisivo.
Dos 298 passageiros e tripulantes mortos no voo MH17 da Malaysia Airlines, dois terços eram holandeses. Com a aproximação do primeiro ano do desastre, em 17 de julho, o governo holandês está sob intensa pressão de um público que de modo geral considera que a Rússia abateu o avião ou forneceu o míssil para os rebeldes que fizeram isso.
Duas fontes na Holanda, que falaram sob a condição de anonimato por causa da sensibilidade da questão, disseram que as complexidades jurídicas e políticas do caso tinham persuadido o país a se concentrar na criação de um tribunal internacional, apoiado pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, tão logo termine uma investigação multinacional e sejam apontados os suspeitos.
Questionado sobre o plano, um funcionário do alto escalão do governo holandês, que também não quis ser identificado, disse à Reuters: "Um tribunal da ONU é a melhor opção. Esperamos que propicie maior possibilidade de cooperação de todos os países envolvidos."
Um julgamento na Ucrânia parece inviável, já que os rebeldes pró-Rússia provavelmente não iriam participar, bem como o governo russo, que simpatiza com eles e os influencia, mas nega enfaticamente envolvimento no incidente ou com a insurgência.