BRASÍLIA (Reuters) - A Câmara dos Deputados aprovou na noite de terça-feira o regime de urgência para o projeto de lei que regulamenta a terceirização de trabalhadores, tema polêmico que conta com a oposição do PT e de alguns sindicatos e que levou o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, a pedir alterações no texto por temores com a queda de arrecadação dos tributos trabalhistas.
A apreciação da matéria, tratada como prioridade pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), será iniciada nesta quarta-feira, depois que a pauta foi liberada na terça com a votação de uma medida provisória que estava trancando as votações, informou a Agência Câmara Notícias.
Segundo a agência, a proposta começará a ser discutida nesta quarta pela manhã e deve ir a voto à noite.
O projeto de lei que regulamenta a terceirização permite que empresas contratem trabalhadores terceirizados para exercer qualquer função na companhia, e não apenas para a chamada atividade-meio, como ocorre atualmente. Empresários defendem o projeto, enquanto alguns sindicatos e o PT são contra. O texto está em análise há 11 anos.
Liderados pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), manifestantes contrários à votação do projeto protestaram do lado de fora do Congresso no início da tarde de terça e travaram um breve confronto com a polícia.
Ao menos três manifestantes e um policial ficaram feridos no conflito, em que a polícia usou spray de pimenta contra manifestantes que jogaram pedaços de madeira e outros objetos contra um cordão formado por policiais. Dois deputados, Vicentinho (PT-SP) e Lincoln Portela (PR-MG), denunciaram ter sofrido agressões por parte de policiais e manifestantes, segundo a Agência Câmara Notícias.
De acordo com os grupos contrários ao projeto de lei, a proposta "tira dos trabalhadores direitos duramente conquistados e dá aos patrões segurança jurídica para contratar do jeito que quiser", segundo nota no site da CUT.
Já o governo se preocupa com uma queda na arrecadação dos tributos trabalhistas. O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, se reuniu com parlamentares para tratar do tema pela manhã e conseguiu que algumas mudanças fossem realizadas no texto.
Uma das alterações transfere para a empresa contratante a responsabilidade pelos pagamentos de encargos previdenciários relativos a empregados terceirizados, uma vez que o governo considera mais fácil controlar os pagamentos dessa forma.
"Eles trouxeram alguns artigos que solicitam que todos os tributos e fundos que têm que ser pagos pela empresa contratada sejam retidos na fonte pela contratante... Isso foi acatado integralmente por nós", disse o deputado Arthur Maia (SD-BA), relator do projeto na Câmara.
(Por Pedro Fonseca, no Rio de Janeiro)