Por Mike Collett-White e Dan Peleschuk
KIEV (Reuters) - Aliados ocidentais estão demorando demais para tomar decisões-chave sobre apoio militar à Ucrânia, disse o presidente Volodymyr Zelenskiy à Reuters, em uma entrevista exclusiva em Kiev nesta segunda-feira.
Ele também relatou que pressiona para que parceiros se envolvam mais diretamente na guerra com a Rússia, ajudando a interceptar mísseis russos sobre a Ucrânia e permitindo que Kiev use armas ocidentais contra equipamentos militares do inimigo que acumulam-se perto da fronteira.
Claramente frustrado, Zelenskiy descreveu a entrega de auxílio militar -- especialmente de defesa aérea, como o sistema Patriot, do qual a Ucrânia depende muito em sua guerra contra a Rússia -- como "um grande passo à frente, mas, antes disso, dois para trás.
"Todas as decisões a que nós, e depois todos juntos, chegamos estão atrasadas em cerca de um ano", disse, vestindo suas tradicionais camiseta e calça cáqui e de vez em quando elevando a voz.
Os duros comentários vêm à baila em um momento perigoso para as forças ucranianas, em menor número, com menos armas e perdendo território no nordeste e no leste do país.
Zelenskiy fez sugestões para os aliados ajudarem mais diretamente, o que inclui a derrubada de mísseis russos sobre território ucraniano em certas circunstâncias.
"Os russos estão usando 300 aviões no território da Ucrânia", disse.
"Precisamos de pelo menos 120, 130 aviões para resistir nos céus", acrescentou Zelenskiy, referindo-se a F-16s projetados pelos EUA. Ele espera que alguns deles sejam usados em combate em breve.
"Você não consegue fornecer isso agora? Ok… voltando aos aviões que você tem no território de países vizinhos da Otan: coloque-os no ar… derrube os alvos, proteja civis."
"Eles podem fazer isso? Tenho certeza que sim. Isso é um ataque, envolvimento, de países da Otan? Não."
O líder ucraniano também disse que Kiev está negociando com parceiros internacionais para usar as armas deles contra equipamentos militares russos na fronteira e dentro do território da Rússia.
"Até agora, não houve nada positivo", disse.
Os Estados Unidos têm resistido a apelos ucranianos para usar seus mísseis contra territórios internacionalmente reconhecidos como russos, o que reflete preocupações no Ocidente sobre o risco de uma escalada do conflito, ao mesmo tempo em que tentam garantir que Kiev vença.
Sobre a política norte-americana, afirmou que não vê "riscos máximos" caso haja mudança de governo nas eleições de novembro, embora o candidato republicano Donald Trump seja cético em relação a auxílio à Ucrânia e enfatize políticas de "EUA em primeiro lugar".
"Eu não acredito que republicanos sejam contra o apoio à Ucrânia, mas algumas mensagens que saem do lado deles levantam preocupações."