Por Rafiq Sharzad
CABUL (Reuters) - Uma delegação afegã está indo ao Catar para ter "discussões em aberto" com representantes do Taliban ao longo dos próximos dias com o objetivo de encerrar a longa guerra do Afeganistão, declarou uma autoridade nesta sexta-feira.
A reunião foi concebida como um passo adiante rumo à abertura de conversas formais para pôr fim ao conflito, mas nesta sexta-feira ainda não estava claro se ela foi aprovada pelo líder supremo do Taliban, que não é visto em público há anos.
Em fevereiro o chefe do Exército do Paquistão disse ao presidente afegão, Ashraf Ghani, que figuras do alto escalão do Taliban estavam abertas às conversas diretas com Cabul com vistas ao fim da guerra, mas até agora tinha havido pouco sinal de progresso.
O Taliban e seus aliados militantes, na verdade, demonstraram mais desejo de lutar do que de dialogar. Na semana passada, combatentes da facção entraram em bairros da periferia da capital provincial de Kunduz, no norte do país.
Os 20 membros da delegação afegã participarão de conversas preliminares no Catar no domingo e na segunda-feira, disse à Reuters o vice-chefe do Alto Conselho de Paz do Afeganistão, Attaullah Ludin.
"As discussões em aberto se baseiam na paz no Afeganistão. Haverá representantes do Afeganistão, do Paquistão, do Taliban e de algumas outras organizações", declarou.
Ele ainda disse que haverá dois representantes do Hizb-i-Islami, outro grupo militante que combate o governo afegão e que tem um braço político.
Poucos detalhes adicionais foram revelados de imediato. Iniciativas anteriores para abrir canais de comunicação, incluindo a criação de um escritório político no Catar em 2013 como parte de um esforço patrocinado pelos Estados Unidos para incentivar as conversas, não levaram a nada.
Uma autoridade de alto escalão do Taliban no Catar confirmou que foi marcado um encontro para os próximos dias com autoridades afegãs, assim como do Paquistão e de outros países.
Ele acrescentou que o propósito da reunião é "sentar um diante do outro e ouvir o ponto de vista um do outro".
O Ministério das Relações Exteriores paquistanês não estava à disposição de imediato para comentar.