NIAMEY (Reuters) - Pelo menos 36 civis foram mortos quando um avião militar bombardeou um funeral numa vila de fronteira no Níger, afirmou o governo, num incidente que o vice-prefeito culpou a Força Aérea nigeriana.
A tripulação provavelmente teria confundido os moradores, que se reuniram perto de uma mesquita, com os militantes do Boko Haram, disseram fontes militares do Níger na cidade vizinha de Bosso.
O Exército da Nigéria não respondeu aos pedidos da Reuters para comentar o incidente de terça-feira. O governo do Níger disse ter iniciado uma investigação.
"Ontem (terça-feira)... um avião não identificado lançou uma bomba sobre a aldeia de Abadam... enquanto a população se reunia perto de uma mesquita", disse o governo em comunicado lido na televisão estatal. "O número provisório é de 36 mortos e 24 feridos."
O governo decretou três dias de luto nacional.
"Dois aviões sobrevoaram Abadam na terça-feira à tarde. Para mim, com aquela cor verde muito visível, eles eram da Nigéria", disse o vice-prefeito, Abadam Youram Ari, à emissora de televisão Labari na noite desta quarta-feira.
Abadam fica na fronteira com a Nigéria, 13 quilômetros a sudoeste de Bosso, onde milhares de soldados de Chade e Níger estão concentrados em preparação para operações contra o Boko Haram.
Abadam também está perto de uma aldeia nigeriana de mesmo nome, e fontes militares em Bosso disseram mais cedo que a bomba tinha caído na Nigéria.
O Boko Haram, que tem lutado para fundar um emirado islâmico no nordeste da Nigéria, matou cerca de 10 mil pessoas no ano passado e agora está expandindo sua zona de operações para além das fronteiras da região.
Nigéria, Chade, Camarões, Níger e Benin preparam uma força de 8.700 homens para combater os militantes.
(Reportagem de Abdoulaye Massalaki)