BRASÍLIA (Reuters) - A presidente Dilma Rousseff classificou como "infeliz" a sugestão do secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland para que os consumidores consumam frango e ovos ao invés de carne, como forma de evitar a alta dos preços da carne bovina.
"Acho errada a afirmação do secretário de política econômica, acho infeliz. Mais do que errada, acho infeliz", disse a presidente a jornalistas nesta segunda-feira no Palácio da Alvorada.
Apesar de criticar a declaração, Dilma minimizou os efeitos dela na campanha, já que o candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, explorou a afirmação de Holland no programa eleitoral obrigatório.
"Eu acho que foi uma frase infeliz, só isso. Uma frase extremamente infeliz", respondeu.
Dilma afirmou que "jamais" daria esse conselho. "Porque eu acho que as pessoas têm direito de comer carne, de comer frango e comer ovo", argumentou.
"Uma das grandes vitórias do meu governo e do governo Lula foi tirar o Brasil do mapa da fome e colocar a carne, o frango e o ovo e as proteínas em geral na mesa do brasileiro", acrescentou.
Dilma também afirmou que a questão da inflação tem sido tratada com "demagogia" na campanha eleitoral.
Ela negou que a declaração de Holland e a manutenção do ministro da Fazenda, Guido Mantega, no cargo, mesmo já tendo anunciado que ele não prosseguirá num eventual segundo mandato, sejam sinais de que a área econômica esteja sendo descuidada.
A presidente afirmou ainda que a questão da inflação é alvo de debate demagógico na disputa eleitoral.
"Sabe que tem muita demagogia em eleição, todo mundo sabe que tem", disse ao ser questionada sobre quais eram suas "novas idéias" para combater a inflação.
"Com os dois choques que nós tivemos na área primeiro de alimentos e de energia produzidos pelo problema climático e não faltou nem alimento e nem faltou energia elétrica. Não tem como fazer a mágica de impedir que haja seca", argumentou Dilma.
"Teve um aumento no preço de energia. Isso afeta o preço dos alimentos... chama choque de oferta. Nesses casos é temporário, passa", disse.
"Nós não faremos jamais controle de preço", afirmou.
REFORMA POLÍTICA E COMBATE À CORRUPÇÃO
A presidente voltou a defender a necessidade de uma reforma política no país e apontou essa reforma como a mudança fundamental para combater a corrupção no país.
"Não acredito que será possível uma reforma política sem participação popular. Para mim é precondição que haja manifestação popular, um plebiscito", afirmou.
Segundo ela, os principais pontos da reforma devem prever o fim do financiamento empresarial das campanhas, o fim das coligações proporcionais e a necessidade de paridade de gênero para disputas legislativas.
Dilma afirmou ainda que não acredita ser possível discutir o fim da reeleição no país sem um projeto claro de qual seria o novo sistema, com governos de cinco anos ou mais tempo.
"Eu aceito discussão (sobre o fim da reeleição), só que não aceito discussão que não esteja claro todos o termos... quero saber a quem interesse e por que interessa", disse a presidente.
Seu adversário tem dito ser favorável ao fim da reeleição e a mandatos de cinco anos para presidentes da República.
APOIOS
A presidente relativizou ainda os apoios partidários recebidos por Aécio, como o do PSB.
Dilma lembrou que há lideranças do partido que não apoiarão o tucano, como o ex-presidente da legenda Roberto Amaral, e disse que será assim também com militantes mais ligados "à tradição do PSB".
"Sabe quando a gente sabe quem é que teve mais apoio? Só tem um jeito de saber, é no dia 26 de outubro, quem ganhar ou perder", resumiu a presidente.
(Reportagem de Jeferson Ribeiro)