Por Andreina Aponte e Anggy Polanco
CARACAS/SAN CRISTÓBAL, Venezuela (Reuters) - Os jovens que apoiam a oposição da Venezuela, alguns ainda curando feridas, outros presos e muitos seguindo para o exterior, estão desmoralizados pela vitória chocante de integrantes do governista Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) nas eleições estaduais deste mês, ocorridas na esteira de longos protestos que não bastaram para depor o presidente Nicolás Maduro.
Depois de meses liderando manifestações e confrontos com as forças de segurança de Maduro, durante os quais dezenas de pessoas morreram, jovens manifestantes abandonaram as ruas relutantemente enquanto a oposição voltava sua atenção para a votação de 15 de outubro.
Embora parecesse que os opositores se encaminhavam para uma vitória tranquila em decorrência da revolta pública com a escassez de alimentos e remédios e uma inflação em disparada, o governo venceu em 18 dos 23 Estados do país.
O resultado deixou milhares de jovens manifestantes furiosos e desiludidos com a liderança opositora. Muitos haviam se recusado vigorosamente a participar da eleição porque legitimaria o que veem como uma ditadura.
"Fomos traídos", disse o projetista gráfico Manuel Melo, de 21 anos, que perdeu um rim ao ser atingido por um jato de canhão de água.
"A oposição política não nos representa", acrescentou, falando no quarto pequeno de sua casa em um bairro pobre da capital Caracas. Uma imagem estilizada de um coração decorava uma parede do quarto, e uma máscara usada para se proteger do gás lacrimogêneo durante os tumultos, adornava a outra.
Agora Melo e muitos outros encaram os protestos, que deixaram 125 mortos e milhares feridos ou presos, como uma perda de tempo.
Eles têm pouco estômago para voltar à luta, e veem os líderes da coalizão Mesa da Unidade Democrática (MUD) como traidores por abandonarem as ruas em favor de uma eleição que acreditam ter sido fraudada pela comissão eleitoral pró-Maduro.
Seu desencanto aumentou nesta semana, quando quatro dos cinco governadores oposicionistas vencedores do partido Ação Democrática romperam as fileiras da coalizão e prestaram juramento à Assembleia Constituinte, que os inimigos de Maduro haviam prometido jamais reconhecer.
Isso provocou disputas internas e recriminações na oposição, e um de seus principais líderes, Henrique Capriles, disse que abandonará a coalizão.