Por Matt Spetalnick e Dan Williams
WASHINGTON/JERUSALÉM (Reuters) - Os sinais estão crescendo de que o discurso planejado do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ao Congresso norte-americano contra um possível acordo nuclear com o Irã poderia danificar a ampla aliança de seu país com os Estados Unidos.
A aceitação por parte do líder de extrema-direita de um convite republicano para falar ao Congresso já aumentou as tensões na relações de Netanyahu com o presidente Barack Obama, devido à natureza partidária do evento.
Além disso, embora as autoridades americanas e israelenses insistam que as principais áreas de cooperação, desde a luta contra o terrorismo e inteligência a segurança cibernética, não serão afetadas, o aprofundamento das divergências nas negociações sobre o Irã é a pior em décadas.
Israel teme que a estratégia diplomática de Obama no Irã, com um prazo de final de março para um acordo nuclear, vai permitir que o seu arqui-inimigo desenvolva uma bomba atômica. Teerã nega que esteja buscando armas nucleares.
Israel sempre foi cuidadoso para navegar entre os campos de republicanos e democratas. O discurso planejado, no entanto, amplia uma discordância entre o governo de Netanyahu e alguns democratas no Congresso. Cerca de duas dezenas ou mais deles planejam boicotar o discurso, de acordo com estimativas não oficiais.
Embarcando no domingo para o que ele descreveu como "uma decisiva, até mesmo histórica missão", Netanyahu, que está concorrendo à reeleição em 17 de março, define sua visita como acima da política partidária ou da intenção de ganhar votos.
"Eu sinto que eu sou um emissário de todos os cidadãos de Israel, mesmo aqueles que não concordam comigo, e de todo o povo judeu", disse Netanyahu ao entrar em seu avião em Tel Aviv.
(Reportagem adicional de Patricia Zengerle e Mark Hosenball em Washington e Ori Lewis em Jerusalém)